Rastros virtuais...

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Parece estranho, mas quando escrevo me derramo em emoção. Importo-me com as frases, rimas e destarte, escrevo o que gosto, mesmo sabendo não ser uma obra prima. Talvez nunca seja, mas também não me importo; quero continuar a ser apenas um simples escriba que ainda consegue ajudar pessoas e alcançar corações e sentimentos que vagam pela internet como se fossem ondas virtuais. Talvez seja esta a minha sina. Quando escrevo emprego meus sentimentos, mas ao empregá-los, não assino carteira, nem recolho impostos e assim vou levando a vida e ela me levando. Gosto dela e ela de mim, assim como, gosto de compartilhar com ela minhas crônicas porque nos dão prazer, pausam o raciocínio e o conteúdo vai se acumulando na região recôndita de meu cérebro, e todo o acervo, contabilizo-o, enumero os discernimentos corretos e capazes de nos levar a uma aceitação plausível. Escrevo devagar, frases por frases, viajo junto com as palavras e só paro onde elas também param porque obedecem a um ponto final. Os meus olhos passam rápidos pela escrita e quando a noticia não me interessa mesmo que sejam versos adocicados e sensíveis sigo em frente. Sou capaz, numa simples crônica, de inventar romances, paixões impossíveis e aventuras que nunca vivi. Falo da vida, das reais delicias do amor, das fantasias e sonhos perdidos que deixamos de recuperar. Deixo rastros de sonhos na areia e riscos invisíveis num mar que não comporta devaneios. Olho para trás e vejo que os rastros que deixei eram apenas virtuais, mas antes de me entregar ao aconchego do meu domicílio, sei que nele ficaram recados e pedaços de mim.

Quando escrevo nem evito falar dos meus sonhos porque sei que serão levados pelo vento. E o vento os leva até você o que penso e junto com ele, os meus rastros para serem decifrados. Sem medo de ferir ou ser ferido, falo do que sinto e do que invento a favor da vida a cada dia. Falo de sorrisos, de dores, de decepções, alegrias, felicidades e do amor; falo das palavras que alavancam o amor e destravam o desamor que podem ter saído de um diálogo intenso que faço com as flores. Gosto de escrever pequenos devaneios e incluir neles a natureza, o mar, o céu, a lua e a saga dos rios. Da janela de minha alma vejo pássaros com seus vôos rasantes, transeuntes cabisbaixos nas calçadas e lá no céu, nuvens em formato de gente, de animais e até de um coração. Escrevo sobre coisas que gosto que raramente, às vezes desgosta; falo da chuva que não vem, da que vem e daquela torrencial que destrói vidas e traz dor; falo também da solidão e dor porque rastros são aqui deixados por pessoas que compartilho e aí se derramam em mim. O que fazer? Afagar, transformar-me em um mago, mágico, príncipe ou rei, e esquecer, que sou apenas simples suburbano. Sou assim e nos meus escritos posso ser o que eu quiser, até usar palavras adocicadas, românticas, coerentes ou incoerentes, fazer críticas ou não, mas, sobretudo, saber recebê-las também. Prefiro ser isso tudo, mas continuar um sonhador, sonhar com coisas reais e surreais e até sonhar sonhos impossíveis. E assim vou escrevendo e fazendo de minhas crônicas e versos o meu refúgio, o meu invisível, o mágico habitat. Os rastros que deixo poucos conseguem reconhecer ou decifrar, mas isto não me incomoda. A estrada virtual é de todos, mas os rastros são meus.

Certa vez disse e é bom repetir que quando escrevo uso as entrelinhas do silêncio no afã de fazer uma boa crônica, bem pensada, elucidativa, para alcançar um fim comum, um desejo de uma pessoa qualquer, e de certa forma, brincar sério com as palavras. Nestas ou noutras situações, não escrevo por escrever e jamais me arrependo do que escrevo, porque reviso antes, interpreto o que muitas pessoas expressam ao vivo ou pela internet, e mesmo assim, penso antes de escrever e quando a mente cansa uso as asas da imaginação para alcançar o impossível, e nesse vôo, não magoar ninguém e nem deixar rastros imprecisos. Quando falo por falar, sinto que pode ocorrer um equívoco e aí me arrependo e, uma vez que falo, não posso "desdizer", voltar atrás e pedir desculpas, porque me soa mal, muito mal. Por isto é que prefiro escrever, pois evito deixar rastros que possa desvirtuar caminhos, incompreensíveis, e escrevendo, terão mais chances de corrigir meu pensamento, colocar no lugar certo os pontos e vírgulas e até reticências para não soarem como as pausas que preciso para que todos me entendam...


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