Revendo as páginas da vida

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Quando abri a tela do computador estava no limiar de 2011, ano de certa forma efêmero como a uma gota de orvalho, imprevisível, que me forçou a rever nas páginas amareladas pelo tempo alguns artigos que falavam de amor, paz, morte, doenças, dor, saudade, bravura, vitórias e conquistas. Noutros, procurei alertar sobre o efeito estufa que estava causando catástrofes naturais, terremotos, tsunamis, deslizamento de erras, poluição atmosférica, e de uma forma mais contumaz, sobre as mordaças impostas aos padres que querem o crescimento da igreja católica; e contundente, sobre a criminalidade, o uso de drogas, o tráfico, sem falar, é claro, sobre os espetáculos dados por políticos corruptos e por aqueles ímprobos que nos palcos da vida mundana encenavam suas maledicências, cujos rostos impregnados de sorrisos irônicos, eram perfilados diariamente nas telas de TV e jornais, quantitativo que não conseguíamos contabilizar.

Durante o ano muitas coisas aconteceram: Nasceram minha neta Alice e meu neto Augusto; mortes de parentes, pessoas amigas, e em especial Tia Doce e o líder ambientalista Antônio Souto, que deixaram este mundo e partiram para outra dimensão, todavia, a perda de um ente querido mais próximo – minha mãe Carolina, que faleceu no dia 15 de novembro, foi uma das experiências mais traumáticas que eu passei na vida. A dor que sentia era tão intensa que muitas vezes parecia que nunca ia passar, mormente quando relia no meu blog a crônica que escrevi em sua homenagem e nele uma foto estampando um sorriso angelical. Quando leio sei que é importante experimentar este sentimento, sem temor ou culpa de não ter sido carinhoso, mais compreensivo, se deixei de ir ao hospital e porque não disse que a amava e/ou por ter perdido a paciência algumas vezes.

À medida que ia remoendo cada palavra escrita com cores rubras que tingiam o meu peito de dor e saudade, procurei me desfazer dos “porquês” e do “se”, pois entendi que somente o sentimento de culpa retardaria a cura e sobre isso, sei que não fui perfeito, mas sempre procurei fazer o melhor e só ela sabe e pode me julgar, assim como se poderia ou não receber dela o amor verdadeiro.

Ela está em outra dimensão ao lado de Deus por ter sido boa filha, mãe e esposa. Deixou-nos prisioneiro de uma dor aguda, mas certa de ter cumprido o seu destino no planeta Terra. Esta fase de tristeza profunda neste momento parece enfatizar na gente uma sensação de desamparo, aquela presente nos fatos do dia a dia, como quando lhe fazíamos visitas rotineiras no final de semana, quando levávamos remédios para amenizar sua dor, as cestas básicas e o carinho que sempre esperava de um filho.  Hoje, ainda podemos até ouvir os seus passos, seus clamores, o seu cheiro, ver o tricô e os tapetes de retalhos estendidos no chão que fazia com esmero, assim como, a sensibilidade de perceber sua presença manuseando cada um desses objetos. Isto é bom, apascenta nossa alma e o coração.

O certo é que, com o tempo, quando a dor estiver cessada, além dela nos proteger lá do céu, sabemos que com a sua proteção voltaremos a sentir a alegria e amor pela vida, por uma vida completa e normal, sabendo que seremos capazes de enfrentar e vencer quaisquer obstáculos, pois sentiremos mais fortes, mais maduros, corajosos e renovados em razão do seu exemplo de trabalho e luta pela vida. Saudades de ti mãe!

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