Calado, mas usando as entrelinhas do meu silêncio,
faço a melhor crônica brincando com as palavras, não escrevo por escrever e não
me arrependo do que escrevo, porque penso antes de escrever e quando a mente
cansa, uso as asas da imaginação para alcançar o impossível. Quando falo por
falar, sinto que pode ocorrer um equívoco, me arrependo e, uma vez que falo,
não posso "desdizer", voltar atrás e pedir desculpas, porque me soa
mal, muito mal. Por isto é que prefiro escrever, pois escrevendo tenho mais
chances de corrigir meu pensamento, colocar no lugar certo os pontos e vírgulas
e até reticências para não soarem como as pausas que preciso para que todos me
entendam. Reflito e me questiono mais ao escrever. Escrevo, apago alguns textos
quando os acho infantis, outros, inéditos e profundos, me comovo, e em certos
momentos, excluo novamente frases inteiras para depois, escrever de novo. São
os ócios do ofício de um escritor, cronista e articulista. Não sei se um dia
vou aprender a arte de bem falar, mesmo sabendo que não falo tão mal assim e
expresso bem o que escrevo porque sai do fundo da alma. Sei que a oratória é
para poucos. Sou mais ou menos articulado, mas gostaria de ser o “mais”. A
escrita me representa melhor que a palavra falada e ela me salva quando preciso
me expor e aí, então, sigo com os meus rabiscos sinceros e completos que se
acoplam numa pequena folha de papel ou no espaço de um monitor.
A Wikipédia define a crônica como uma narração
curta, produzida essencialmente para ser veiculada na imprensa,
seja nas páginas de uma revista, seja nas páginas de um
jornal.
Possui assim uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar aos leitores
dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim,
no transcurso dos dias ou das semanas,
uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o leem. O
cronista se inspira nos acontecimentos diários, que constituem a base da
crônica. Entretanto, há elementos que distinguem um texto do outro. Após
cercar-se desses acontecimentos diários, o cronista dá-lhes um toque próprio,
incluindo em seu texto elementos como: ficção, fantasia, imaginação e ceticismo,
elementos que o texto essencialmente informativo não contém. De outra parte, cronista pode ser considerado
o poeta dos acontecimentos do dia a dia. A crônica, na maioria dos casos, é um
texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está
"dialogando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma
visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista. Ao
desenvolver seu estilo e ao selecionar as palavras que utiliza em seu texto, o
cronista está transmitindo ao leitor a sua visão de mundo.
Ele está, na verdade, expondo a sua forma pessoal de compreender os
acontecimentos que o cercam.
Então caro leitor, não se espante
com este escriba, aprendiz de cronista, meio atabalhoado, maluco, mas que
recebe nos seus textos o sopro do vento que muitas vezes passa meio cafuzo,
como a uma nuvem passageira que cai sobre um oceano; e nesse passo do
descompasso raramente enxerga o destino, pois tudo move passo a passo, são uns
chegando e outros partindo; a cadência é assim, mesmo numa passarela sem fim,
sem lado, alambrado e jardim.
O aprendiz de cronista, poeta e romancista ficcionista
é assim: sempre quer que o mundo seja seu mesmo quando insiste em manipular o
inexistente; mesmo aos que se encontram tristes, sabe que logo estarão
sorrindo, pois no palco da vida uns estão voltando e outros saindo; uns dizendo
a verdade, outros mentindo, mas todos se gabando que só eles são capazes, sem
nenhum mito, de enxergar o fim do infinito. São criaturas que vivem a
perambular pela estrada da vida e se vangloriam em dizer que a felicidade se
encontra em qualquer lugar e podem ser apagados,
revisados ou refeitos, ao contrário das palavras ditas.
Publicado no Diário da Manhã, edição do dia 25 de setembro de 2013.
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