Mobilidade Urbana.

domingo, 29 de setembro de 2013




Mobilidade urbana nas grandes cidades é cada vez mais problemática. Principalmente em locais onde o adensamento urbano se deu de forma desordenada e rápida, impedindo planejamento e estrutura adequada. Toda vez que isso acontece, a mobilidade dos moradores desse local fica comprometida. Entendemos como mobilidade urbana a capacidade de deslocamento de pessoas e bens no espaço urbano para a realização das atividades cotidianas em tempo considerado ideal, de modo confortável e seguro. E isto, convenhamos, está cada vez mais difícil, principalmente em Goiânia.

A mobilidade urbana tem grande impacto na economia local e na qualidade de vida das pessoas. Quando problemática, custa caro ao estado e a sociedade, em virtude das perdas que proporciona. Já existem estudos que conseguem medir em valores o custo com doenças respiratórias e estresse, com perdas de materiais perecíveis ou mesmo com os cuidados necessários para sua conservação, com a queda de produtividade em geral, e principalmente com custos decorrentes dos impactos ambientais causados pelas emissões de CO2 na atmosfera advindo dos veículos que utilizam combustíveis fósseis (petróleo – carvão). Então, pensar a mobilidade urbana de modo mais eficiente em termos sociais, econômicos e ambientais, é sustentabilidade. Pensar a mobilidade urbana com mais tecnologia e inovação, é um dos mais urgentes desafios deste século.

Quando se fala em deslocamento de pessoas e bens dentro de um espaço urbano, é importante salientar que existe no Código de Trânsito Brasileiro um detalhe importante que garante certa segurança, mas parece que o pessoal ignora, senão vejamos: todas essas vias que permeiam a cidade, que chamamos de ruas e avenidas, devem ser obrigatoriamente compartilhadas, entre carros, ônibus, caminhões, bicicletas e assim como, os pedestres. Os pedestres têm preferência nas faixas, que funcionam como uma extensão das calçadas, e também em ruas onde elas não existem. Eles têm que cumprir certas normas de trânsito também, e claro, como também, os veículos.

O importante é que todos têm direitos e deveres nas vias e devem saber compartilhá-las. Por exemplo, as calçadas não são somente dos pedestres. Os carros podem passar por elas ao entrar nas garagens. Mas, como os pedestres têm prioridade sobre os carros que uma é lógica, pois os mais fracos sempre têm prioridade, os motoristas precisam esperar que os pedestres acabem de passar pela garagem antes de invadir o espaço da calçada. Estou correto? No que tange as bicicletas, elas podem circular nas calçadas, desde que seja no máximo 6 km/h, de acordo com o CONTRAN, mas, se possível, devem evitar quando há grande aglomeração de pessoas.

O que eu acho ser o fim do mundo no que se refere ao trânsito é que os motociclistas e os motoristas de carros de pequeno porte se acham donos das ruas. Acham que têm preferência sobre ônibus, caminhões, bicicletas e pedestres. Não raro invadem a contramão nas estradas, em locais de ultrapassagem proibida, causando abalroamento de seus veículos, com acidentes graves, só porque ficam nervosinhos ao andarem atrás de um caminhão pesado e lento. Essas pessoas se sentem tão cheias de direitos que ficam à vontade para burlar as normas de trânsito. E os motociclistas: estes são piores ainda, fazem ziguezague entre os veículos, estragam retrovisores, invadem calçadas e o que se vê é a estatística assustadora de mortes acidentais e invalidez de muitos destes imprudentes que superlotam hospitais, causando prejuízos irreparáveis ao Sistema Único de Saúde e quiçá, ao erário público local.

Mas o dono do carro, aconchegado em seu conforto de ocupação média de 1,4 pessoas por veículo, já se achando com mais direitos que o ônibus com mais de cem passageiros, não raro buzina, impaciente, achando um absurdo ter que ficar por uns minutinhos parado para a passagem do homem puxando sua carroça com materiais recicláveis, de um ciclista, de um pedestre ou ter que andar mais lentamente até que seja possível desviar deles com segurança. Não raro esses donos de carros, além de buzinar sem necessidade, reclamar e falar mal esses trabalhadores tira fino neles e quase os atropelam. Um verdadeiro papelão! Desconhecem que cada indivíduo ás vezes são moradores de rua, outros, trabalham o dia inteiro, de modo bastante cansativo e sacrificante, recebem um mísero salário e muitas vezes o fazem debaixo de um sol de rachar, subindo e descendo ladeiras, tendo que correr riscos por causa da intolerância desses motoristas. 

Enfim, como disse numa crônica anterior: Cansei de passar pelo mesmo trajeto onde passam os imprudentes que irresponsavelmente fazem ziguezague com suas motos e veículos na avenida. Cansei dos nervosinhos. Cansei do que os olhos são capazes de enxergar perto ou à longa distância. De perto, tenho que usar óculos de grau, e isto me cansa; de longe, enxergo coisas absurdas que não deveria enxergar; coisas que não prestam me constrangem e aí canso. À bem da verdade, acreditar no improvável, no impossível e no imaginário sempre foi meu forte, e é bom viver no mundo dos sonhos, essa coisa irreal, mas hoje, ao ver o trânsito caótico, conturbado, improvável, sem mobilidade, posso dizer novamente que cansei.

 Publicado no Diário da Manhã, edição do dia 02 de outubro de 2013. 

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