Mobilidade
urbana nas grandes cidades é cada vez mais problemática. Principalmente em
locais onde o adensamento urbano se deu de forma desordenada e rápida,
impedindo planejamento e estrutura adequada. Toda vez que isso acontece, a
mobilidade dos moradores desse local fica comprometida. Entendemos como
mobilidade urbana a capacidade de deslocamento de pessoas e bens no espaço
urbano para a realização das atividades cotidianas em tempo considerado ideal,
de modo confortável e seguro. E isto, convenhamos, está cada vez mais difícil,
principalmente em Goiânia.
A mobilidade
urbana tem grande impacto na economia local e na qualidade de vida das pessoas.
Quando problemática, custa caro ao estado e a sociedade, em virtude das perdas
que proporciona. Já existem estudos que conseguem medir em valores o custo com
doenças respiratórias e estresse, com perdas de materiais perecíveis ou mesmo
com os cuidados necessários para sua conservação, com a queda de produtividade
em geral, e principalmente com custos decorrentes dos impactos ambientais
causados pelas emissões de CO2 na atmosfera advindo dos veículos que utilizam
combustíveis fósseis (petróleo – carvão). Então, pensar a mobilidade urbana de
modo mais eficiente em termos sociais, econômicos e ambientais, é sustentabilidade.
Pensar a mobilidade urbana com mais tecnologia e inovação, é um dos mais
urgentes desafios deste século.
Quando se fala
em deslocamento de pessoas e bens dentro de um espaço urbano, é importante
salientar que existe no Código de Trânsito Brasileiro um detalhe importante que
garante certa segurança, mas parece que o pessoal ignora, senão vejamos: todas
essas vias que permeiam a cidade, que chamamos de ruas e avenidas, devem ser obrigatoriamente
compartilhadas, entre carros, ônibus, caminhões, bicicletas e assim como, os
pedestres. Os pedestres têm preferência nas faixas, que funcionam como uma
extensão das calçadas, e também em ruas onde elas não existem. Eles têm que
cumprir certas normas de trânsito também, e claro, como também, os veículos.
O importante é
que todos têm direitos e deveres nas vias e devem saber compartilhá-las. Por
exemplo, as calçadas não são somente dos pedestres. Os carros podem passar por
elas ao entrar nas garagens. Mas, como os pedestres têm prioridade sobre os
carros que uma é lógica, pois os mais fracos sempre têm prioridade, os
motoristas precisam esperar que os pedestres acabem de passar pela garagem
antes de invadir o espaço da calçada. Estou correto? No que tange as bicicletas,
elas podem circular nas calçadas, desde que seja no máximo 6 km/h, de acordo
com o CONTRAN, mas, se possível, devem evitar quando há grande aglomeração de
pessoas.
O que eu acho ser o fim do mundo no que se refere
ao trânsito é que os motociclistas e os motoristas de carros de pequeno porte
se acham donos das ruas. Acham que têm preferência sobre ônibus, caminhões,
bicicletas e pedestres. Não raro invadem a contramão nas estradas, em locais de
ultrapassagem proibida, causando abalroamento de seus veículos, com acidentes
graves, só porque ficam nervosinhos ao andarem atrás de um caminhão pesado e
lento. Essas pessoas se sentem tão cheias de direitos que ficam à vontade para
burlar as normas de trânsito. E os motociclistas: estes são piores ainda, fazem
ziguezague entre os veículos, estragam retrovisores, invadem calçadas e o que
se vê é a estatística assustadora de mortes acidentais e invalidez de muitos
destes imprudentes que superlotam hospitais, causando prejuízos irreparáveis ao
Sistema Único de Saúde e quiçá, ao erário público local.
Mas o dono do carro, aconchegado em seu conforto
de ocupação média de 1,4 pessoas por veículo, já se achando com mais direitos
que o ônibus com mais de cem passageiros, não raro buzina, impaciente, achando
um absurdo ter que ficar por uns minutinhos parado para a passagem do homem
puxando sua carroça com materiais recicláveis, de um ciclista, de um pedestre ou
ter que andar mais lentamente até que seja possível desviar deles com
segurança. Não raro esses donos de carros, além de buzinar sem necessidade,
reclamar e falar mal esses trabalhadores tira fino neles e quase os atropelam.
Um verdadeiro papelão! Desconhecem que cada indivíduo ás vezes são moradores de
rua, outros, trabalham o dia inteiro, de modo bastante cansativo e sacrificante,
recebem um mísero salário e muitas vezes o fazem debaixo de um sol de rachar,
subindo e descendo ladeiras, tendo que correr riscos por causa da intolerância
desses motoristas.
Enfim, como disse numa crônica anterior: Cansei
de passar pelo mesmo trajeto onde passam os imprudentes que irresponsavelmente
fazem ziguezague com suas motos e veículos na avenida. Cansei dos nervosinhos. Cansei
do que os olhos são capazes de enxergar perto ou à longa distância. De perto,
tenho que usar óculos de grau, e isto me cansa; de longe, enxergo coisas
absurdas que não deveria enxergar; coisas que não prestam me constrangem e aí
canso. À bem da verdade, acreditar no improvável, no impossível e no imaginário
sempre foi meu forte, e é bom viver no mundo dos sonhos, essa coisa irreal, mas
hoje, ao ver o trânsito caótico, conturbado, improvável, sem mobilidade, posso
dizer novamente que cansei.
Publicado no Diário da Manhã, edição do dia 02 de outubro de 2013.
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