A morte não vem a galope

sábado, 22 de março de 2014



Um homem montando no seu cavalo baio passava por uma estrada deserta clareada apenas pela luminosidade da lua minguante que vagava mansa pelo espaço sideral mais parecendo um pedaço de queijo. Ao seu redor, estrelas que se perdiam de vista... A estrada era de chão batido, mas mesmo assim seguia apreensivo porque naquela região corriam boatos, não raros, de assaltos e crimes... Com o ouvido aguçado logo percebeu que a poucos metros atrás vinha outro animal com o mesmo trotão. Sentia que ele o seguia. Olhou para trás e viu um vulto. Apressou-se, no que foi imitado pelo perseguidor. Chicoteou o cavalo e saiu a galope. Correu... Enveredou-se por outro caminho.  O vulto, também.

Apavorado e em um desabalado galope, tão rápido quanto as pernas ágeis daquele animal permitiam, sequer pensava olhar para trás. Nem sentia os galhos de árvores ferirem o seu corpo, o coração a galopar no peito, a respiração ficar ofegante como a do animal, os pulmões em brasa, mas logo se viu diante de um casebre estupidamente iluminado num local ermo daquele longínquo rincão goiano. Pensou em gritar, pedir ajuda, mas, antes, olhou mais uma vez para trás e a claridade do descampado lhe trouxe uma surpresa: O seu perseguidor era apenas uma égua que estava no cio e o cavalo baio no qual montava, era apenas o seu amor animal. Deus uma risada e mais calmo, desabafou: Meu Deus! O que o medo faz com a gente!

A história deste cavaleiro quer queira quer não, assemelha-se ao que ocorre com o medo que a pessoa humana tem da morte.

A imortalidade é algo intuitivo na criatura humana. No entanto, muitos têm medo, porque desconhecem inteiramente o processo e o que nos espera no mundo espiritual. O casebre estupidamente iluminado à beira da estrada que fiz questão de ilustrar foi apenas para afugentar os temores sem fundamento e inibir os constrangimentos que nos perturbam dia a dia. De forma racional e sem querer interferir na sensibilidade de cada um, quis, com aquelas aparições, esclarecer acerca da sobrevivência da alma e a forma do descerramento da cortina que separa os dois mundos.

Entendo ser extremamente importante, fundamental mesmo que percebem isso, já que tratamos da única certeza: a existência humana num casebre iluminado que poderá ser a nossa salvação, a nossa luz. A terra em que vivemos ou a estrada que procuramos seguir é e será uma oficina de trabalho para os que desenvolvem atividades edificantes e o caminho em favor da renovação espiritual que pretendemos aplicar em nossa existência. Nesse caminho poderá existir até uma prisão, ocorrer uma expiação dolorosa para os que resgatam débitos relacionados com crimes cometidos em existências anteriores. Esse caminho é uma escola para aqueles já compreendem que a vida não é simples acidente biológico, nem a existência humana uma simples jornada recreativa. E de certo modo, não é o nosso lar. Este está no plano espiritual, onde poderemos viver em plenitude, sem limitações impostas pelo corpo carnal. E de fato é compreensível, pois, que nos preparemos, superando temores e dúvidas, inquietações e enganos, a fim de que, quando chegar a nossa hora, estejamos habilitados a um retorno equilibrado e feliz.

Não se apoquente, monte o seu cavalo não importa de qual cor seja e siga em paz, sem medo e muita fé no nosso Pai Celestial, procurando a estrada segura, pois o primeiro passo é o de tirar da morte o aspecto fúnebre, mórbido, temível, sobrenatural que nela possa existir... Existem pessoas que simplesmente se recusam a conceber o falecimento de uma pessoa da família ou o seu próprio. Têm receio de discutir e transferem o assunto para um futuro remoto. Por isso se desajustam quando chega o tempo da separação.

 O Apóstolo Paulo perguntou: Onde está, ó morte, o teu aguilhão?  Com esta frase bíblica ele quis apenas demonstrar que a fé raciocinada e praticada supera os temores e angústias da grande transição, dando-nos a compreensão de que o fenômeno chamado morte nada mais é do que o passaporte para a verdadeira vida. É o conhecimento de tudo o que nos espera, e a disposição de lutarmos para que nos espere o melhor. De outra parte, um dos maiores motivos de sofrimento no além túmulo é o apego aos bens terrenos e muitas pessoas não aceitam as normas estabelecidas pela aduana do túmulo, que não nos permite levar os bens materiais no momento em que passamos para o outro lado. Isso demonstra que tais pessoas ainda não entenderam que os bens materiais nos são emprestadas por Deus como meio de progresso, e que os teremos que devolver, mais cedo ou mais tarde.  
Então caro leitor, é importante que reflitamos sobre tudo isso, não nos deixando possuir pelos bens dos quais somos apenas usufrutuários. Um dos motivos de sofrimento dos que ficam, é o fato de não terem se dedicado o quanto deviam àqueles dos quais se despedem. Por isso, convém que, enquanto estamos a caminho, façamos de modo cadenciado como aquele cavalo baio, o melhor que pudermos aos nossos entes queridos, para que o remorso não nos dilacere a alma depois

1 comentários:

  1. A Fé nos faz vencer os obstáculos da vida... Tudo aqui na terra nos é emprestado até mesmo a vida!! Temos apenas que procurar desfrutar da melhor maneira possível e ser fiel a Deus em nossa passagem aqui no planeta terra... Parabéns amigo suas crônicas são fabulosas, abraços!!

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