Um homem
montando no seu cavalo baio passava por uma estrada deserta clareada apenas
pela luminosidade da lua minguante que vagava mansa pelo espaço sideral mais
parecendo um pedaço de queijo. Ao seu redor, estrelas que se perdiam de
vista... A estrada era de chão batido, mas mesmo assim seguia apreensivo porque
naquela região corriam boatos, não raros, de assaltos e crimes... Com o ouvido
aguçado logo percebeu que a poucos metros atrás vinha outro animal com o mesmo
trotão. Sentia que ele o seguia. Olhou para trás e viu um vulto. Apressou-se,
no que foi imitado pelo perseguidor. Chicoteou o cavalo e saiu a galope.
Correu... Enveredou-se por outro caminho.
O vulto, também.
Apavorado e em um desabalado
galope, tão rápido quanto as pernas ágeis daquele animal permitiam, sequer
pensava olhar para trás. Nem sentia os galhos de árvores ferirem o seu corpo, o
coração a galopar no peito, a respiração ficar ofegante como a do animal, os pulmões
em brasa, mas logo se viu diante de um casebre estupidamente iluminado num
local ermo daquele longínquo rincão goiano. Pensou em gritar, pedir ajuda, mas,
antes, olhou mais uma vez para trás e a claridade do descampado lhe trouxe uma surpresa:
O seu perseguidor era apenas uma égua que estava no cio e o cavalo baio no qual
montava, era apenas o seu amor animal. Deus uma risada e mais calmo, desabafou:
Meu Deus! O que o medo faz com a gente!
A história deste cavaleiro
quer queira quer não, assemelha-se ao que ocorre com o medo que a pessoa humana
tem da morte.
A imortalidade é algo
intuitivo na criatura humana. No entanto, muitos têm medo, porque desconhecem
inteiramente o processo e o que nos espera no mundo espiritual. O casebre estupidamente
iluminado à beira da estrada que fiz questão de ilustrar foi apenas para
afugentar os temores sem fundamento e inibir os constrangimentos que nos
perturbam dia a dia. De forma racional e sem querer interferir na sensibilidade
de cada um, quis, com aquelas aparições, esclarecer acerca da sobrevivência da
alma e a forma do descerramento da cortina que separa os dois mundos.
Entendo ser extremamente
importante, fundamental mesmo que percebem isso, já que tratamos da única
certeza: a existência humana num casebre iluminado que poderá ser a nossa salvação,
a nossa luz. A terra em que vivemos ou a estrada que procuramos seguir é e será
uma oficina de trabalho para os que desenvolvem atividades edificantes e o
caminho em favor da renovação espiritual que pretendemos aplicar em nossa
existência. Nesse caminho poderá existir até uma prisão, ocorrer uma expiação
dolorosa para os que resgatam débitos relacionados com crimes cometidos em
existências anteriores. Esse caminho é uma escola para aqueles já compreendem
que a vida não é simples acidente biológico, nem a existência humana uma
simples jornada recreativa. E de certo modo, não é o nosso lar. Este está no
plano espiritual, onde poderemos viver em plenitude, sem limitações impostas
pelo corpo carnal. E de fato é compreensível, pois, que nos preparemos,
superando temores e dúvidas, inquietações e enganos, a fim de que, quando
chegar a nossa hora, estejamos habilitados a um retorno equilibrado e feliz.
Não se apoquente, monte o seu
cavalo não importa de qual cor seja e siga em paz, sem medo e muita fé no nosso
Pai Celestial, procurando a estrada segura, pois o primeiro passo é o de tirar
da morte o aspecto fúnebre, mórbido, temível, sobrenatural que nela possa
existir... Existem pessoas que simplesmente se recusam a conceber o falecimento
de uma pessoa da família ou o seu próprio. Têm receio de discutir e transferem
o assunto para um futuro remoto. Por isso se desajustam quando chega o tempo da
separação.
O Apóstolo Paulo perguntou: Onde está, ó
morte, o teu aguilhão? Com esta
frase bíblica ele quis apenas demonstrar que a fé raciocinada e praticada
supera os temores e angústias da grande transição, dando-nos a compreensão de
que o fenômeno chamado morte nada mais é do que o passaporte para a verdadeira
vida. É o conhecimento de tudo o que nos espera, e a disposição de lutarmos
para que nos espere o melhor. De outra parte, um dos maiores motivos de
sofrimento no além túmulo é o apego aos bens terrenos e muitas pessoas não
aceitam as normas estabelecidas pela aduana do túmulo, que não nos permite
levar os bens materiais no momento em que passamos para o outro lado. Isso
demonstra que tais pessoas ainda não entenderam que os bens materiais nos são emprestadas
por Deus como meio de progresso, e que os teremos que devolver, mais cedo ou
mais tarde.
Então caro leitor, é importante que reflitamos
sobre tudo isso, não nos deixando possuir pelos bens dos quais somos apenas usufrutuários.
Um dos motivos de sofrimento dos que ficam, é o fato de não terem se dedicado o
quanto deviam àqueles dos quais se despedem. Por isso, convém que, enquanto
estamos a caminho, façamos de modo cadenciado como aquele cavalo baio, o melhor
que pudermos aos nossos entes queridos, para que o remorso não nos dilacere a
alma depois
A Fé nos faz vencer os obstáculos da vida... Tudo aqui na terra nos é emprestado até mesmo a vida!! Temos apenas que procurar desfrutar da melhor maneira possível e ser fiel a Deus em nossa passagem aqui no planeta terra... Parabéns amigo suas crônicas são fabulosas, abraços!!
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