Primeiro quero dizer que o título não é plágio. Os
bares de que falo são bares que não são comuns, são bares diferentes, místicos,
poéticos, quase utópicos, onde as pessoas se reúnem e criam coisas que jamais
imaginamos existir no mundo real. Fazem parte desses bares além de outros
personagens humanos, os artistas do barro, dos pincéis, das letras e até os
poetas malandros que não aprenderam a rimar, mas se reúnem para prosear,
reviver a mesma dor, os mesmos objetivos e anseios. Confesso que durante minha
existência participei pouco desse ambiente e nem bebia grandes tragos. Hoje
posso dizer que nem bebo. Apenas aprecio com moderação. Agora, para quem bebe,
se acontece algo de mau, bebe-se para esquecer; se acontece algo de bom,
bebe-se para celebrar, e se nada acontece, bebe-se para que aconteça qualquer
coisa. Celebrando ou esquecendo-se de celebrar, foi nas mesas dos bares que
travei grandes debates políticos, aprendi a fazer discursos, viver momentos
poéticos, passionais e amorosos.
Muitos
namoros nasceram em mesas de bar. Tempos idos, lá
pelas décadas dos anos 70, ainda jovem, conheci a cidade de Aruanã e pasmo
diante da beleza do Rio Araguaia, incuti na minha cabeça a ideia de escrever
poesias e escrevi muitas e as guardava num pequeno baú. Lembro-me bem de um
final de tarde quando o sol se escondia detrás das matas e seus raios
cintilavam sobre as águas trazendo momentos de nostalgia, eu, juntamente com
outros amigos, numa mesa de bar, jogávamos conversa fora e quantos artistas,
jornalistas, empresários, profissionais liberais víamos se aglomerarem naquele
ambiente místico - o Bar do Elpídio, bastante frequentado por aqueles que iam
passar férias em Aruanã. As rústicas paredes eram autografadas por todos que
por ali passavam. Quem esteve lá à época vivenciou esse fato histórico e outras
situações pitorescas criadas pelo Elpídio, como a central de recados para as
pessoas que acampavam na praia, e assim, Elpídio Amorim Leão deixava sua marca
e relevantes serviços prestados ao turismo de Goiás.
Tempos
passaram. Certo dia, outro Elpídio, o Fiorda, querendo homenagear o seu xará
resolveu abrir um bar em Goiânia, no ano de 2007, no Mercado Popular da Rua 74,
batizando-o de “Bar do Elpídio. Era um lugar descontraído simples e
aconchegante, como também era o Bar do Elpídio em Aruanã. Na culinária, o
Fiorda, tentou manter os mesmo ingredientes, como peixes, costeletas, costela e
filé de Caranha, com ou sem pequi, sem falar do saboroso Sanduíche de Caranha.
O
público alvo era dos mesmos moldes do Bar do Elpídio de Aruanã e daqueles que
conheciam a historia do estabelecimento. O bar foi inaugurado no dia 13 de
setembro de 2007, essa data teve como intuito homenagear os 60 anos do Elpídio
de Aruanã pelo relevante trabalho feito em prol do turismo de Goiás, e à época,
recebeu o Titulo de Sócio Honorário da ABRAJET (Associação Brasileira de
Jornalistas de Turismo), regional de Goiás sendo assim a inauguração
transformou em um evento para fortalecer e consolidar o novo espaço e ponto de
lazer em Goiânia.
Para
manter-se vivo o nome, em 27 de setembro de 2014, o Elpídio Fiorda e Gabriel
Bretas, fundou Bar do Elpídio Empório & Restaurante e hoje é o mais novo
empreendimento do setor de alimentação fora do lar em Goiânia, ora instalado de
forma rústica, aconchegante e aprazível no Passeio das Águas Shopping, local de
encontro de artistas plásticos, escultores, escritores, jornalistas,
empresários e de pessoas que gostam de degustar da cozinha regional e do melhor
em pratos à lá carte, peixes, feijoadas, pirão, caldos, a famosa panelinha,
galinhada goiana e variados petiscos.
As instalações do empreendimento estão ilustradas com a
iconografia goiana. Imagens dos casarões da Cidade de Goiás e Pirenópolis
ornamentam as paredes. Uma escultura de Cora Coralina, em tamanho natural faz
homenagem à poetisa maior. Os clientes vão poder sentar ao lado dela e se
deixar fotografar. A obra é assinada pelo artesão Gabriel Machado. O mascarado
personagem irreverente da festa das Cavalhadas, difundida em Pirenópolis, está
montado ao cavalo, logo na chegada. É a economia criativa em movimento.
Inovação, beleza e aconchego são características do espaço que chega para
agregar serviços essenciais ao novo Shopping. Só posso dizer que é um lugar bem
propicio para os encontros de fim de tarde. Lá o garçom não enrola
mesmo sabendo que o cliente às vezes não come certas guloseimas e nem toma
bebidas alcoólicas. Hoje, escrevo daqui e uso uma mesa, mas não é a do Bar do
Elpídio, mas sim, a da sacada do meu AP, onde vislumbro do alto uma selva de pedras
que nos rodeia. Estou com um Laptop, digito o texto e as letras vão se
amontoando no monitor para no final sair esta besteira! Não estou bebendo nada,
mas mesmo assim saúdo vocês que fizeram e continuam fazendo parte da arte e
cultura em Goiás. Quero, nesta mesa onde vejo o sol de pôr soberbo no
horizonte, levar comigo a lembrança de todos..., mas quero também, ao
finalizar, dizer que tenho saudades do tempo da famosa Grapete e do slogan:
“Quem bebe Grapete, repete”. Até mais! Vou tomar um suco de laranja. Um brinde
à vida.
"Quem bebe grapete, repete! Repete, com todo prazer!" É como quem lê suas crônicas, despretenciosas, afáveis, como uma canção amiga, em que todos se reconhecem, parafraseando o grande Drummond!
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