Há tempos venho escrevendo usando uma forma
mais romântica, afável ou encantadora aos sentidos, mas, hoje, devido às
últimas barbáries ocorridas nos estádios de futebol não poderia deixar de
manifestar a minha revolta e então, como articulista do Diário da Manhã, resolvi escrever esta crônica no sentido de
sensibilizar a sociedade brasileira e principalmente a esses vândalos para que
parem com essa barbárie e se continuarem, não fique impunes mesmo tendo as
bênçãos de uma fraca legislação, que adora proteger bandidos e motivam as ações
dessas gangues. Semana passada, quando vi aquelas cenas horríveis no jogo entre
o Clube Atlético Paranaense e Vasco da Gama, nas arquibancadas da Arena
Joinville, onde brutamontes travestidos de torcedores se agrediam mutuamente, e
aí, não me restou alternativa senão pesquisar o famoso Aurélio para,
primeiramente, definir gramaticamente os gestos daqueles bárbaros. Claro que
encontrei várias definições sobre aqueles atos promovidos por pessoas que têm o
firme propósito de extrapolar o senso comum; pessoas que não têm semancol e são
inconvenientes, malas-sem-alça, louco, bárbaros, ignorantes, insensatos.
A desesperança e a futilidade consomem esses indivíduos de tal maneira que esta
palavra é o único consolo para massagear nosso ego e servir como um desesperado
e infeliz consolo.
Esses malfeitores sem
noção que se apoderam dos estádios de futebol são difíceis de serem apascentados,
porque parecem que nunca tiveram berço e nem famílias decentes. Parecem que
estão longe de Deus ou até desconhecem a existência DELE. Não dá para explicar
tais atitudes. Hoje, como muitos desportistas, me sinto afogado nesse mar de
lama e sem o menor traquejo para tentar orientar coisa alguma. Sinto-me como a
um grão de mostarda nesse imenso universo de maldade. Sei que faltam a eles educação,
bons modos, respeito ao ser humano. Sem o menor constrangimento, pisoteiam,
chutam, dão pauladas sem dó numa pessoa e às vezes, cometem estas atrocidades só
para sentir o gemido do desafeto. Não são mocinhos de boas maneiras e nem
seguem à risca as regras de comportamento contidas no Estatuto do Torcedor. Bom
senso é palavra morta no dicionário desses vagabundos, e nunca o usa,
principalmente quando se trata de lidar com o adversário, um ser humano como
eles. Não têm aquele jogo de cintura, esportividade e gotinhas de semancol que
lhes fariam muito bem.
Os sem noção que se
engalfinham nos estádios, dispensam quaisquer ritos, soltam puns, falam
palavras de baixo calão e se preocupam mais com o adversário que com o próprio
jogo de futebol. Parecem que vão lá só para brigarem e esquecem que no meio
daquela torcida existem muitas crianças e mulheres. Sequer se mantém sentados,
se aboletam como pragas infestantes na vida dos outros torcedores. Na
arquibancada nem disfarçam, uns usam camisas de seus clubes e outros ficam descamisados,
mas, todos estão lá imbuídos da mesma intenção: atacar o adversário, mesmo àqueles
que se mantêm calados.
Toda essa euforia vem
acompanhada tenho a absoluta certeza: da famigerada droga e alcoolismo, cujas
mãos ao agredir uma pessoa com uma paulada não estão mais sob a obediência do
cérebro e que muitas vezes turva até a visão. Mas, outros, mais afoitos, fazem
isso, como disse anteriormente, é por pura maldade mesmo, apenas para ouvir o
gemido do desafeto. Se é que podemos chamar de desafeto a outra pessoa apenas
por estar ali do outro lado da arquibancada torcendo por outro time.
Os Sem Noção desobedecem
à lei porque sabem que a ela é falha nesse sentido. Por outro lado, a vida que
eles levam é feita de sonhos baseada numa mera partida de futebol e se for uma
decisão, então, aí é que a coisa pega! E se importante para o seu clube, eles fazem
um cardápio de agressões relacionando nele os malucos disponíveis no mercado do
crime para se amontoarem no mesmo lugar do estádio e entrarem de punhos
cerrados e os pés nas nuvens.
Este assunto, para
mim, ganhou total importância porque sou vascaíno e um dos mais violentos agressores
mostrado pela mídia é torcedor do meu clube. Fato que me envergonhou e hoje, ao
escrever esta crônica, acho que perdi a noção dos caracteres e nem consegui
usar as asas de minha imaginação como costumo fazer. A crônica pediu que eu
finalizasse e como cronista consciente, que nunca feriu ninguém em outras
crônicas e artigos publicados neste Diário, hoje, entendeu que eu tive o meu
dia de escrita mal elaborada, no entanto, acho que eu mereço perdão. Todavia, só
espero que boa parte dos seus amigos e amigas tenha lido este apelo e ajudem a
transformar nossos estádios em verdadeiros centros lazer, escrevendo,
compartilhando com outras pessoas e criticando as autoridades públicas
responsáveis pelo policiamento em campos de futebol, principalmente agora que
estamos à véspera da Copa do Mundo. Há ocasiões, como o ocorrido na semana
passada, à gente se sente afundado num mar de lama e pisoteado por essa gente bárbara
que não tem o menor traquejo social e solidariedade humana.
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