Um cronista no divã dos internautas.

domingo, 10 de agosto de 2014



Estamos em período eleitoreiro então deveria estar escrevendo sobre política, mas às vezes, os dias e noites são tão efêmeros que, quando menos esperamos, já estamos sendo manipulados pela magia das palavras. E se eu lhe disser que mesmo diante desta turbulência política ainda consigo escrever crônicas falando sobre amizade, amor e compartilhamento. Assuntos não faltam que possam interessar a qualquer leitor sério, ávido por uma boa leitura. Do lado de cá da tela amigos virtuais vão surgindo dia a dia e aí, curiosamente, fico observando nas entrelinhas de suas mensagens que são pessoas sérias, e para o lado de lá da tela, procuro levar também coisas sérias, objetivando alcançar o coração e a sensibilidade de cada um. Mas de vez em quando é bom xeretar um pouquinho, no bom sentido é claro, no bate papo online que circulam pela web. Gosto de observar as pessoas e analisar suas atitudes diante das outras, e quando escrever, tenha condições de expressar corretamente sem magoar ninguém. De certo modo no mundo virtual estamos vivendo a vida dos outros e compartilhando a solidão deles e às vezes, os ajudamos a esquecerem-se dos seus problemas. Quando percorro as salas virtuais me sinto como se estivesse num divã de uma feira de variedades, pois ouvimos e vemos frases de efeito, algumas discretas, onde cada sílaba brinca com os olhos daqueles que ali se libertam sem tréguas e levam para o travesseiro desejos e sussurros abafados, porque sabem que as palavras ali expostas jamais serão capazes de definir o que a pessoa verdadeiramente é. No mundo virtual não adianta brincar com as letras, criando e buscando seres perfeitos. Às vezes nossa vida é como uma teia de prazeres delicados, porém vazios, porque a mentira é tão utópica que até mesmo o seu âmago anseia por ela.  Não há coisa melhor na vida do que palavras e sentimentos reais, portanto, não devemos usar a fantasia para transformar a nossa dor em afeto. Então, aos apressadinhos e a aqueles que sofrem de leitura precoce, essa crônica tem como desiderato: trazer o embate entre a emoção e a razão, e assim, deixo por conta do leitor descobrir onde estão os pontos Gs de suas emoções e razões.  Para encontrar esses pontos têm que ralarem para obterem o justo aprendizado ou arriscarem para colher o rendimento que qualquer leitura lhe oferece.

Quando estou bastante atarefado logicamente meu dia e noite se tornam efêmeros e aí não consigo escrever usando todos os sentidos e às vezes, nem alcançar os redutos de fantasia, áreas da vida que experimento usando apenas a imaginação. Vivê-las intensamente, ao vivo, em cores, parece impossível ou pelo menos pouco provável. Então crio meu próprio filminho interior, faço vídeos imaginários e vou soltando pequenos flashes para que tudo dê certo, pois sei que milagres acontecem. Em algumas de minhas fantasias, eu me vejo ajudando pessoas, vencendo barreiras intransponíveis, recebendo sob aplausos, prêmios inéditos, diplomas e troféus oferecidos numa cidade totalmente desconhecida e deparo com rostos de pessoas que nunca vi. Devo ter em mim qualquer desejo de que minhas opiniões sejam ouvidas, de ser consultado sobre assuntos do maior interesse e relevância como, por exemplo, de pegar um pincel, uma tela e sair pintando somente pentelhos. Mas porque pentelhos?  É fácil! Tem uma coisa em mim e que me dá alegria é o sorriso de uma criança, assim como, mensagens sinceras de amigas ou amigos, seguidas ou não de uma ou de algumas palhaçadas enviadas somente para descontrair a gente. E quando gosto, compartilho. Outra coisa que curto é o cheiro, cheiro suave levado pelo ar não importa em qual estação eu esteja. E o olhar que nada mais é que a janela de nossa alma! Um olhar profundo, penetrante, que parece querer descobrir os segredos e que só de olhar pra gente já nos interroga com a maior inocência. E o sorriso de uma criança, uma piada contada por um adulto ou mesmo por um adolescente, isto nem se fala, cora-nos o rosto, mas abastece de amor o coração. Ela vem em boa hora, ou na hora inusitada pode ser, mas na certeza de ser uma piada inteligente para nos fazer sorrir, tirar os “pés de galinhas” do rosto e cicatrizar o coração sofrido. Gente que pode ser eu, você ou outra qualquer que se entrega pra vida e que não tem medo de viver.

Para a “razão” hoje sou obrigado a dar-lhe um aparte. Deixo que ela me questione sobre o que quiser; sobre o que leio no FACEBOOK, na WEB ou em outro meio de comunicação, assim como faço para interpretar cada palavra ou mensagem. Bisbilhoto tudo, mensagens, postagens e até as fotos que elas tiram delas mesmas sem colocar uma palavra sequer. Tornou-se um vício, fazem somente pose e pronto: SELFIE! Entendo que a superexposição ou não da vida pessoal é de responsabilidade de cada internauta. Algumas pessoas são tomadas por uma vontade danada de desabafar o que se torna fácil de distinguir, decifrar e sentir o que se passa no coração de cada uma, que infelizmente, alguns internautas não entendem e nem dão ao trabalho de ouvi-la.

Então, pelos menos nos dias de noites efêmeras deixem-me quieto no divã; deixe-me enfurnado nas minhas emoções e razões; deixem-me sonhar com o impossível, com o mundo desconhecido; deixem-me escrever sem pressa, pois quando eu olhar pela vão da janela e vir o pôr do sol ou a lua nascerem soberbos, há de sobrar tempo para que eu possa pintar nas telas da vida o espetáculo oferecido pela natureza, e nelas, usar tintas rubras de um coração ferido pelo tempo, destacando o rosto das pessoas que estão fazendo parte de meus sonhos e de outras que sequer as conheço no meu mundo real, para no final, poder sorrir, olhar novamente através da janela e ver o universo se escancarando com seus olhos estelares e sorriso triunfante. Deixe-me ouvir o som sem acordes que vem do espaço sideral e o cheiro sereno de um amanhecer; deixem-me avisar aos amigos de verdade com quem eu cruzo todos os dias, pessoalmente ou no mundo virtual, pois hão de entender que por algumas circunstâncias do destino me abstenho de escrever aqui os motivos do embate entre a minha emoção e a razão.

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