Numa
pacata cidade do interior tinha um sujeito que se acomodava a quaisquer circunstâncias
para conseguir chegar mais facilmente a um resultado que lhe favorecesse. Era
período eleitoral e um sorriso sarcástico se escancarava no seu rosto. Sentado
num pequeno banco de madeira logo à entrada do Paço Municipal e usando
gravata colorida para se destacar sobre a camisa social branca e paletó
surrado, ele a enfiava numa calça preta de tergal e assistia a
tudo, não perdia nenhum movimento político e ficava sempre atento a pequenos
detalhes. Ouvia todo o tipo de conversa que ocorria naquele velho prédio; lia
os jornais que noticiava sobre os desgastes do Prefeito em face de sua desastrosa
administração. As ruas estavam cheias de buracos e lixos tomavam as calçadas,
mas, como tinha algum interesse pessoal, haja vista que era período eleitoral, ficava
ali impassível, anotando tudo. Algumas pessoas que passavam pareciam lhe nutrir
uma justificável raiva e a outras ele despertava certa simpatia desinteressada,
entretanto, continuava ali, como quem não queria nada, mas cumprimentava a
todos, disfarçado de executivo. Escutava as conversas, anotava numa pequena
agenda e levava ao candidato adversário que em contrapartida, lhe oferecia
algumas “benesses”.
Quando
jogava futebol no campo de terra da fazenda Bambuzal, município de Cabribó era
bastante perspicaz e ainda se achava um atacante nato e quando a torcida
gritava: Oportunista! Acenava e saía sorrindo. Ele pensava que era um elogio. Parecia
não entender a crítica do torcedor. Mas era atacante e entendia que só um
atacante podia ser oportunista e esse mérito ninguém lhe tirava. Tinha tanta
certeza que nem corria em campo, ficava parado o tempo todo na grande área como
fazia naquele banco ao lado do Paço, até que a bola o procurasse, talvez com um
lançamento em profundidade feito por um meia-esquerda ou cruzamento perfeito de
um ponta-direita. Fazia alguns gols para que o treinador não o tirasse do time.
O que era difícil porque era o dono da bola que conseguira durante a campanha.
Certo dia, aproveitando a popularidade, resolveu se candidatar a vereador por
outro Partido que era adversário do candidato do atual Prefeito desastroso, o
qual, antes mesmo de iniciar a disputa, começou a liderar as pesquisas
eleitorais e aí o oportunista Carlão do Paço, como era conhecido, usando de
mais uma de suas astúcias políticas não titubeou, passou a apoiar o candidato
adversário no afã de conseguir mais tarde, caso não fosse eleito vereador, um
cargo melhor ou ser mantido no atual: “olheiro auxiliar do Paço”. Na
realidade ele não se importava com os mexericos que corriam de boca a boca que
o chamava de vira-casaca e nem para as notícias divulgadas incansavelmente pelo
pequeno jornal da cidade. Ele simplesmente esperava a oportunidade de
conquistar um espaço, como a bola fazia a seu favor naquele campo de terreno
batido.
Moral da história: A nossa política atual está
parecida com a desse oportunista e dos vira-casaca, pois pessoas que antes
eram adversárias, hoje ao verem o candidato liderando as pesquisas, descem do
muro, procuram os jornais para manifestar apoio e até falam mal de seus
companheiros de seu ex-partido para sustentar sua tese de apoio; outras saltam
de seus paraquedas e descem sobre a arena palaciana como se fossem anjos. Esses
indivíduos oportunistas estudam os movimentos dos outros com perspicácia e
nunca deixam fugir a sua vitima, estando de sobreolho. O único esforço de que
dispõem é o estarem atento ao que se passam à sua volta, qual abutre a rondar
carniça. São ladrões de sonhos por excelência, e goza do seu estatuto oculto
para trazer as pessoas ao prejuízo. Os oportunistas causam danos irreparáveis
dos quais são difíceis de sair. Alguns perdem tudo, até amigos porque vão na
conversa deles, que se congratulam pela suas espertezas e agudezas de espírito.
Oferecem as pessoas ao sacrifício como num ritual religioso. São prudentes e
agem em conformidade. Os oportunistas andam sempre sozinhos, mas são
astutos, cumprimenta todo mundo, ora nalguma explanada, ora num saguão
legislativo ou corredor do executivo a observar atentamente as suas vítimas que
nunca desconfiam de nada, entregando-se às benesses dos oportunistas, que cuidam
bem do incauto eleitor. Os oportunistas levam vantagem de suas espertezas e
inteligência, perante os demais cabos eleitorais. Não concebem as derrotas como
uma coisa possível de acontecer. Manipulam e tem a astúcia de jogarem pessoas
incautas ou um grupo político, um contra outro. Então, entendo que para safar-se dessa pessoa o
candidato eleito deverá usar como instrumento uma peneira com pequenos
buraquinhos recheados de razão, peneirar bem para que, sobre a terra floresça a
esperança de um Brasil melhor, sem corrupção e corruptores, sem mechas de
traidores, sem práticas de politicagem e de forma desinteressada, os vencedores
colaborem de modo efetivo, eficaz e zelosamente para o crescimento e
desenvolvimento do País. Resta-me então, em virtude dos últimos acontecimentos
que consternaram o Brasil, solicitar ao caro leitor-eleitor que analise os
fatos, busque ver a capacidade aglutinação, experiência administrativa e
intelectual de cada um. Ao votar use somente a razão, pois não somos
responsáveis pelas emoções, mas sim do que fazemos com elas.
Realmente cada um de nós somos responsável pelo q fazemos com nossas emoções, disse tudo meu Amigo Vanderlan, lindo Parabéns...vote com sabedoria... né! rsrsr
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