Astúcias de oportunistas e vira-casacas.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014



Numa pacata cidade do interior tinha um sujeito que se acomodava a quaisquer circunstâncias para conseguir chegar mais facilmente a um resultado que lhe favorecesse. Era período eleitoral e um sorriso sarcástico se escancarava no seu rosto. Sentado num  pequeno banco de madeira logo à entrada do Paço Municipal e usando gravata colorida para se destacar sobre a camisa social  branca e paletó surrado, ele a enfiava numa calça preta de tergal e assistia a tudo, não perdia nenhum movimento político e ficava sempre atento a pequenos detalhes. Ouvia todo o tipo de conversa que ocorria naquele velho prédio; lia os jornais que noticiava sobre os desgastes do Prefeito em face de sua desastrosa administração. As ruas estavam cheias de buracos e lixos tomavam as calçadas, mas, como tinha algum interesse pessoal, haja vista que era período eleitoral, ficava ali impassível, anotando tudo. Algumas pessoas que passavam pareciam lhe nutrir uma justificável raiva e a outras ele despertava certa simpatia desinteressada, entretanto, continuava ali, como quem não queria nada, mas cumprimentava a todos, disfarçado de executivo. Escutava as conversas, anotava numa pequena agenda e levava ao candidato adversário que em contrapartida, lhe oferecia algumas “benesses”.

Quando jogava futebol no campo de terra da fazenda Bambuzal, município de Cabribó era bastante perspicaz e ainda se achava um atacante nato e quando a torcida gritava: Oportunista! Acenava e saía sorrindo. Ele pensava que era um elogio. Parecia não entender a crítica do torcedor. Mas era atacante e entendia que só um atacante podia ser oportunista e esse mérito ninguém lhe tirava. Tinha tanta certeza que nem corria em campo, ficava parado o tempo todo na grande área como fazia naquele banco ao lado do Paço, até que a bola o procurasse, talvez com um lançamento em profundidade feito por um meia-esquerda ou cruzamento perfeito de um ponta-direita. Fazia alguns gols para que o treinador não o tirasse do time. O que era difícil porque era o dono da bola que conseguira durante a campanha. Certo dia, aproveitando a popularidade, resolveu se candidatar a vereador por outro Partido que era adversário do candidato do atual Prefeito desastroso, o qual, antes mesmo de iniciar a disputa, começou a liderar as pesquisas eleitorais e aí o oportunista Carlão do Paço, como era conhecido, usando de mais uma de suas astúcias políticas não titubeou, passou a apoiar o candidato adversário no afã de conseguir mais tarde, caso não fosse eleito vereador, um cargo melhor ou ser mantido no atual: “olheiro auxiliar do Paço”.  Na realidade ele não se importava com os mexericos que corriam de boca a boca que o chamava de vira-casaca e nem para as notícias divulgadas incansavelmente pelo pequeno jornal da cidade. Ele simplesmente esperava a oportunidade de conquistar um espaço, como a bola fazia a seu favor naquele campo de terreno batido.

Moral da história: A nossa política atual está parecida com a desse oportunista e dos vira-casaca, pois pessoas que antes eram adversárias, hoje ao verem o candidato liderando as pesquisas, descem do muro, procuram os jornais para  manifestar apoio e até falam mal de seus companheiros de seu ex-partido para sustentar sua tese de apoio; outras saltam de seus paraquedas e descem sobre a arena palaciana como se fossem anjos. Esses indivíduos oportunistas estudam os movimentos dos outros com perspicácia e nunca deixam fugir a sua vitima, estando de sobreolho. O único esforço de que dispõem é o estarem atento ao que se passam à sua volta, qual abutre a rondar carniça. São ladrões de sonhos por excelência, e goza do seu estatuto oculto para trazer as pessoas ao prejuízo. Os oportunistas causam danos irreparáveis dos quais são difíceis de sair. Alguns perdem tudo, até amigos porque vão na conversa deles, que se congratulam pela suas espertezas e agudezas de espírito. Oferecem as pessoas ao sacrifício como num ritual religioso. São prudentes e agem em conformidade. Os oportunistas andam sempre sozinhos, mas são astutos, cumprimenta todo mundo, ora nalguma explanada, ora num saguão legislativo ou corredor do executivo a observar atentamente as suas vítimas que nunca desconfiam de nada, entregando-se às benesses dos oportunistas, que cuidam bem do incauto eleitor. Os oportunistas levam vantagem de suas espertezas e inteligência, perante os demais cabos eleitorais. Não concebem as derrotas como uma coisa possível de acontecer. Manipulam e tem a astúcia de jogarem pessoas incautas ou um grupo político, um contra outro. Então, entendo que para safar-se dessa pessoa o candidato eleito deverá usar como instrumento uma peneira com pequenos buraquinhos recheados de razão, peneirar bem para que, sobre a terra floresça a esperança de um Brasil melhor, sem corrupção e corruptores, sem mechas de traidores, sem práticas de politicagem e de forma desinteressada, os vencedores colaborem de modo efetivo, eficaz e zelosamente para o crescimento e desenvolvimento do País. Resta-me então, em virtude dos últimos acontecimentos que consternaram o Brasil, solicitar ao caro leitor-eleitor que analise os fatos, busque ver a capacidade aglutinação, experiência administrativa e intelectual de cada um. Ao votar use somente a razão, pois não somos responsáveis pelas emoções, mas sim do que fazemos com elas.

1 comentários:

  1. Realmente cada um de nós somos responsável pelo q fazemos com nossas emoções, disse tudo meu Amigo Vanderlan, lindo Parabéns...vote com sabedoria... né! rsrsr

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