Carnaval, nem fui, nem vi, mas fingi que vi.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019


Não vi, mas fingi que percebi essa tal festa de fantasia. Era o carnaval que passava aqui na avenida, trazendo nada mais que um momento de alegria, mas me contento, ou simplesmente, nem esquento de ver apenas na TV o povo dançando, ou pulando, sei lá, e freneticamente. Meus olhos se fixam na multidão, meus ouvidos ouvem sons que não se combinam e vozes que estão fora de ritmo ou tom, os quais tentam mostrar encaixes musicais perfeitos entre os batuques, mas para o povo pouco importava, pois na emoção, sequer notavam os bebuns com latas de cerveja na mão, outras jogadas a chão, cenas impróprias, lixos aos montões, e ainda, o descompasso musical, a pronúncia errônea das letras e a falta de entonação. O que faz um cara como eu notar tudo isso e ainda enxergar, no meio da multidão, uma garota serelepe, com roupa de anjo dançando abraçada com um cara fantasiado de capeta. Será que existem explicações para esse tipo de comportamento e qual o meu interesse em observar a menina fantasiada de anjo, pulando feita doida com o “capeta”, cantando axé, sabe lá, em cima do trio elétrico. Mas era tanta beleza que fiquei pasmo diante da TV. Fiquei reparando, talvez ela nem se preocupasse com a sua estética apenas eu. Quanto a ela eu também fingia que não a via. Bem que tentei, mas ela requebrava demais, era tanto molejo que me esqueci em certos momentos de fingir e ainda era possível escutar sua voz que ecoava no meio da multidão, todavia, só não entendia o que ela cantava, nem a letra, nem qual música ou canção, mas me importava com aquilo ou fingia que me importava. O tom de voz do seu amigo, o capeta, esse sim, nem se fala, parecia coisa vinda de outro planeta. Quem assistiu pela TV não venha dizer que não viu, sentiu ou fingiu não ter visto. Ora, um homem do sertão como eu que gosta de um belo som de viola e violão jamais vai querer ouvir axé, arrocha ou batucadas amalucadas de carnaval, que na verdade, há muito vem detonando o verdadeiro samba canção. No entanto, quero que os foliões me desculpem pela minha franqueza, pela falta de apreço que tenho dessa cantoria e da minha frieza por não saber me apegar a esse tipo de dança, pois além do Brasil estar passando por um momento financeiro difícil e saúde pública precária, ao final desta festa só sobrarão apenas adereços, serpentinas e mascarás esparramadas e sujando o chão.

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