Padre Luíz, mais uma vez entre o amor, a inveja e a caneta

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

No último domingo ao passar pelo portão de entrada da Comunidade Atos deparei com uma jovem chorando. Achei meio estranho e segui rumo ao galpão preocupado e com o pensamento absorto. Logo mais à frente  percebi outras pessoas com lágrimas nos olhos e continuei sem entender o que estava acontecendo. Meus pensamentos iam voltavam ao passado como se fosse uma avalanche esmagando de minha memória cada momento de angustia vivido em face da perseguição promovida contra o Padre Luiz na Igreja Sagrada Família.

Ao adentrar no salão já sentindo o meu corpo    dormente em razão  de noites mal dormidas, pois minha mãe encontra-se internada na UTI onde o padre  Luiz esteve e com suas orações acalentou sua dor, inquietei-me. Inspirado no evangelho de São Marcos, capítulo 9, versículo 42, olhei para as cadeiras e observei que todos choravam e ai não resisti e perguntei a um membro da comunidade que disse; “O padre Luiz foi proibido mais uma vez de celebrar missa e o Arcebispo disse que ele vai ter que se reciclar” Reciclar? Como reciclar se ele é um verdadeiro evangelizador!

 Os outros padres é que tem que aprender a celebrar e a evangelizar como ele faz. Revoltado de vê-lo mais uma vez tolhido de forma tão injusta de exercer seu Ministério, o tempo naquele domingo ensolarado passou tão lento quanto a um trem que se   engasga em seus próprios trilhos enferrujados e que muitas vezes se rompem sem deixar vestígios, mas quanto a mim, embalado pelo descontentamento  de ver mais uma vez o Padre Luiz  ser proibido de fazer celebração, também quedei-me junto aos outros extremamente emocionado.                                                                                                                            

Vi os olhos de meus filhos e de minhas noras marejarem de lágrimas e se revoltarem. Meus   olhos cujas lágrimas já derramadas em face da doença incurável de minha mãe, ainda se direciona-ram ao altar com um novo celebrante já postado e lá fora, o sol encoberto por pequenas nuvens esparsas ainda conseguia enviar à terra pequenos retalhos de luz. De repente meus pensamentos  flutuaram na região recôndita de meu cérebro tentando me convencer da imposição da Arquidioce-se, mas, tenaz quanto a aquelas centenas de crianças que esperavam o teatrinho não acontecido e depois o pãozinho de Cristo não oferecido, tive vontade de voar e ouvir lá em cima fragmentos de relatos esquecidos pelo tempo onde se pode ouvir tudo e até vozes solitárias expondo a decepção de toda a comunidade em face da perseguição mais uma vez sofrida pelo Padre Luiz Augusto.

Breve como a um pássaro que foge de seu ninho em busca uma nova morada do outro lado do rio, restava-me olhar as belezas daquelas matas e com a idéia fixa de não admitir a idéia de recuar um passo face à hipocrisia reinante ante tantos esforços empreendidos por um sacerdote de valor e de seu sacrifício para manusear o sal que temperou o pão de cada dia e lhe conservou a têmpora de genuíno missionário, de um benfeitor espiritual, dedicado, sério, amoroso e que sempre teve como alicerce a vocação de bem servir os mais carentes com o lema: “EU VIM PARA SERVIR E NÃO PARA SER SERVIDO”              

Incrédulo mais uma vez diante de tanta insensatez, em certos momentos, mesmo sabendo que invejosos são muitos, naquele momento nem acreditei, mas mesmo assim me senti perdido detrás da sombra que cobria a região recôndita de meu cérebro.  Assisti à missa, pasmo, mas ansioso para   externar minha insatisfação. Mal conseguia orar. Como amar uma igreja que impede um padre de celebrar missa. Como amar uma igreja que não enxerga suas crianças, seus jovens, adultos e idosos que saem de longínquas regiões da Grande Goiânia para assistir aquela sagrada celebração e ao chegarem, derramaram-se em prantos: “Meus Deus que aconteceu, e agora?” Como estaria Jesus pensando ao ver aquela multidão chorando, pedindo simplesmente o direito de ter o seu pastor celebrando as missas? Como ficaria Jesus ao ver aquelas crianças chorarem e serem tolhidas do prazer de serem pequenas cristãs. Como!... Com o pensamento alhures, só me restaria acreditar na justiça Divina.

A acreditar que o Arcebispo pode continuar usando sua poderosa caneta, mas a  comunidade continuará navegando em águas mansas no afã de remontar o que os invejosos, falsos amigos e pessoas retrógadas tentam desfazer. O Arcebispo nunca procurou ouvir e nem se preocupa em saber o que é melhor para a comunidade católica. Nós servos da Comunidade Atos, não servimos para nada, somos tratados como entes nocivos pela Arquidiocese de Goiânia. A igreja católica não se modernizou, não vem acompanhando a evolução dos tempos e em razão disso está se esfacelando a cada dia. A caneta pode mudar tudo num simples papel digitado quando não se  ouve a outra parte ou se não tem amor no coração, mas os olhos espertos da comunidade Atos que são milhares, com papel ou sem papel, com voz branda ou rouca, com som ou sem som, teimarão em mostrar às  autoridades arquidiocesanas as cenas de tristeza ante as dificuldades encontradas ao  longo dos anos e as alegrias com as vitórias alcançadas por todos nós e por este jovem  honrado e abnegado sacerdote

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