Momentos de Reflexão

terça-feira, 2 de abril de 2013


Deitado à sombra de um coqueiro, dormi. De repente me senti mergulhando em águas profundas, inquietas, certo de que queria me mostrar alguma coisa, e sufocadamente, meu corpo imergia, emergia, reagindo às intempéries impostas por um mar revolto que, com o auxílio do vento, empurravam gigantescas ondas que se debatiam sobre as rochas e desintegravam-se sobre a areia branca que se esparramava naquela linda orla marítima. A realidade que via caracterizada no espelho d’água formado no fundo do mar era levada pelas ondas, mostrando vívidos detalhes de pessoas paupérrimas, injustiçadas, oprimidas, mulheres agredidas, negros discriminados, trabalhadores explorados, agricultores, pessoas sem teto e terra para morar e plantar, guerras, catástrofes, criminalidades, ditaduras espalhadas pelo mundo, repressões e tantas outras imbecilidades que me deixou pensativo e sem forças para combater tanto mal. A angústia me oprimiu e aí perguntei a mim mesmo: Quantos anzóis ou redes serão precisos para fisgar toda essa gente sofrida? Naquele instante me senti incapaz de acudir alguns, mesmo sabendo que detinha naquele sonho inesperado a força divina que impulsionava todas as minhas ações. Aqueles minúsculos espelhos d’água pareciam querer me mostrar que eu vivia num mundo irreal. Parecia absurdo, mas era verdade. No mundo tão belo e rico que se estampava diante de meus olhos existiam crianças passando fome, pessoas sem condições mínimas de plantar para a sua própria subsistência; meninos e meninas perambulando pelas ruas, cheirando cola para enganar a fome, queria que apenas fossem cenas represadas no meu subconsciente, mas não eram; crianças e mulheres que se prostituiam para sobreviverem; noutra onda, o espelho realçava a Terra sendo destruída pelo próprio homem; chacinas, roubos sequestros, corrupção, abuso do poder econômico que oprimem os menos favorecidos, isto não é irreal ou utopia, é pura realidade, uma realidade que se alastra como se fosse uma coisa natural característica da própria espécie humana.

Diante daquelas ondas senti que era necessário resgatar da memória do tempo os bons fluídos, as riquezas e criatividades produzidas por muitas pessoas cristãs, criteriosas, que pode fecundar esses momentos de reflexão e ajudar a delinear e modelar novos conceitos de vida em face do processo atual, uma vez que, às vezes, encontramos preceitos e normas de comportamento que estão fora de época. O mundo se globalizou então é importante que se recupere a moral dos homens e lhes deem condições de acompanhar as rupturas que a história maleficamente lhes impôs durante milênios. De outra parte, entendemos que cada pessoa deve se tornar sujeito de sua própria história, de sua própria libertação, transformando a sua realidade com a finalidade de efetivar a justa liberdade coletiva, ainda que de maneira deficitária.

Ao ver a multidão perdida na escuridão da vida e sem a presença de Deus, preocupei-me sobremaneira de ver muitos deles perderem a sua ligação com a igreja na qual foram batizados. Outros, sentindo-se excluídos pela sociedade, violentados moralmente e impossibilitados de terem acesso aos bens necessários para a sua sobrevivência, ficam frustrados e se deixam tomar pelo desânimo, deturpam-se as mentes e deturpadas, partem para as formas mais fáceis de ganhar dinheiro, exemplificado no tráfico de drogas, que tem levado muitos jovens ao crime e à morte prematura. Alguns, sem a orientação eficaz, mudam de religião como se estivessem trocando de roupa ou desesperançosos, tornam-se indiferente a tudo, fato que a igreja deve procurar saber para obter uma resposta mais adequada para combater os desafios aqui constatados.

Neste momento de reflexão, mesmo usufruindo das benesses de uma sombra e o sopro do vento que vinha do mar, comecei a entender realmente que não só a sociedade brasileira está na UTI, mas todo o planeta Terra. A doença do egoísmo e da maldade domina todo o sistema, onde, de forma excludente, não se consegue realçar a solidariedade como valor extremamente capaz de forjar um mundo mais humano e fraterno. È necessário que a perda progressiva do seu senso ético e o próprio individualismo como um mal predominante possa ser retirada com a inserção do bisturi do amor, juntamente com a raiz da justiça, que está sendo corroída dia a dia, possam tirar do sofrimento os mais fracos e indefesos.    

2 comentários:

  1. Aprendi que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos.Mais as vezes somos tão egoísta que queremos mais do q merecemos...amei; essa foi uma reflexão que precisava no momento.Abraço

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  2. Parabéns por suas postagens, todas muito abrangentes e com um fundo humanitário impressionante. Congratulo por seu bom gosto. Abraço da amiga Luciana.

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