O último anzol.

terça-feira, 19 de novembro de 2013


A solidão lhe oprimia e em seu peito havia lamentos. Sentia-se só. Como amigo tentava compreender porque ele também se distanciara tanto de Deus que o criou e lhe entregou de bandeja o Universo repleto de estrelas e em seu bojo o planeta Terra, com sua fauna, flora, rios abundantes, a natureza de uma beleza magnífica, e para que não se sentisse sozinho, ainda, à noite, ELE lhe ofereceu a lua, e para que tivesse vida perfeita, deu-lhe o ar, a água e o sol para movimentar o seu complexo corpóreo. Ainda assim, aquele amigo se sentia só. 
 
Ao ver essas pessoas oprimidas, perdidas na escuridão do seu próprio ser, com situações financeiras precárias, desempregadas, cheias de vícios e muitas cobertas pelo próprio manto do mal, não restaram alternativas ao nosso Pai Celestial senão, ao invés de uma rede, lançar o seu último e imenso anzol e mostrar a aquele homem e a outros que ELE tem a chave para abrir todas as portas e proteger. Em contrapartida, devemos entregar a ELE o coração, pois assim, teremos a sensibilidade de entender as palavras escritas por Mateus (11,28): “vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e EU os aliviarei”.  Esta simples frase pode tocar fundo o coração de cada um, pois ninguém melhor que Jesus, filho de Deus, saber o que era ficar só, o que era ser abandonado por todos e encarar a tristeza e a morte. 

Bem, tem certos momentos que sentimos incompreendidos, mas, certos de saber: ELE está sempre perto e deseja satisfazer nosso coração, dando-nos a salvação e a possibilidade de continuar desfrutando do seu amor incondicional, assim como, está sempre pronto para aliviar a peso da cruz que carregamos.

O fato de ter recebido de Deus o último e poderoso anzol para pescar talvez o seu impuro coração, achou-se presenteado naquele momento de solidão e sentiu nele a força espiritual para içá-lo, pois jamais poderia imaginar tal força e com ela sair dos devaneios, do sofrimento, da ansiedade e poder combater as crueldades humanas, algumas com total falta de amor ao próximo. Pode-se então, deste ato, começar a entender o significado dos textos bíblicos e a superioridade da natureza de Jesus Cristo. Com posse desse anzol ele pode afirmar que diante de Deus era apenas um pequenino grão de areia que pode se sucumbir sob o peso do pecado e da maldade “num piscar de olhos”, caso não consiga seguir os preceitos pregados por ELE e que já duram milênios. Jesus, o filho de Deus, não foi mais que um profeta, mas sim, um Messias Divino que, como homem, porém dotado de espírito puro e desprendido da matéria, viveu mais a vida espiritual do que a corporal, cujas fraquezas não eram possíveis de serem enxergadas.

Certo dia, aquele homem só, olhou para o céu e viu aparecer uma centena de pássaros, todos alinhados, voando de forma altaneira, levando uma revoada de mensagens, talvez, aos migrantes do norte, e no horizonte poente, viu aparecer uma vara reluzente amparando um lindo anzol e naquele instante sentiu-se pescado e recebeu abraço caloroso de Jesus, enquanto pequenas nuvens brancas ainda tentavam esconder o seu brilho alaranjado, mas, entre cânticos dos pássaros, também viu ser dissolvido, gradativamente, todo o mal com o nascer e o pôr sol. Estava a sua vida renovada. 

Às vezes, mesmo vendo aqueles que nos amam e aos quais queremos o bem, nossos corações são tomados por um sentimento de extrema tristeza e solidão, como acontecia com aquele amigo.

Hoje, talvez recuperado daquela emoção vivida, o seu coração deve estar pulsando manso e o raciocínio mais lógico, e nesta lógica, deve ter constatado que o mais querido amigo ou parente pode, talvez, se tornar para ele um desconhecido que não pode compreender as amarguras que dilapidavam diariamente seu coração. No efeito de sua solidão deve ter compreendido e recebido uma força espiritual surpreendente que hoje lhe dá condições de ouvir, compreender, sentir reações, desejos e tudo de bom que possa receber uma pessoa, principalmente quando se tem a graça de receber de Deus  um abraço e o último anzol para poder servir dele como instrumento para içar a sua própria vida.

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