Tem dia
que a gente levanta diferente, com vontade de ver o mundo de outra forma. Tem
dia que a gente olha, olha... E nada se vê. Damos um, dois ou mais passos à
frente, para tentar enxergar um mundo diferente para que possamos entrar nele
sem atropelos, sem medo da própria pessoa humana, de poder achar um lugar onde
a gente nunca esteve antes, um lugar diferente mesmo! E sem olharmos para trás,
convencer-nos de que seria realmente melhor deixarmos os malogros, as
decepções, as incertezas, as tristezas e tudo aquilo que nos foram maléficos, e
sentir o prazer de levar os frutos de tudo aquilo que nos levaram à vitória e
plantá-los nesse lugar, em terreno fértil, sagrado.
Mas como
se esquecer dos crimes bárbaros, das pessoas que matam apenas para ouvir o
gemido do desafeto? Como se esquecer dos estupros, dos crimes de pedofilias que
se espalham por todo o País? Como se esquecer de pais matando filhos e filhos
matando pais? Como se esquecer dos políticos corruptos e dos corruptores? Como
se esquecer da impunidade que impera no Brasil? Como? Diga-me? Então, depois
destes questionamentos resta-me meditar: Será que o nobre leitor vai entender
porque resolvi ficar hoje observando o mundo e olhar somente com o fito de
encontrar um tesouro escondido num ponto qualquer para saciar minha sede de
viver que talvez nem exista?
Daqui a
pouco devo sair para uma leve caminhada no calçadão, mas ainda sinto aquela sensação
estranha que – não sei por que razão – me atacou hoje. Questiono-me: Serão
apenas lembranças remotas e estranhas que me faz parar e ficar observando o
mundo? É realmente estranho porque não tenho nenhum motivo para dizer: estou
só. Paro, reflito e antes de sair, me acomodo diante do computador e começo a
escrever esta crônica porque sei que do outro lado têm pessoas que se sentem do
mesmo jeito, entretanto, só estou a pensar na melhor maneira de como
transmitir-lhes esta mensagem, nada mais. Mas, preocupo-me porque têm pessoas sensíveis
do outro lado, sofrendo em seu canto, magoadas, iludidas, desiludidas, chorando,
jovens e adultos, que fazem de tudo para sobreviver neste mundo nosso que
deveria ser de todos, ora expressando amor, ora ódio, algumas com sede de viver
e outras não. E aí está o perigo! Há também as que sonham. Há as que se sentem
incompreendidas, com vontade de gritar dentro de seu próprio mundo porque
sequer são ouvidas e ninguém presta atenção. Elas se calam, mesmo sabendo que
o seu silêncio muitas vezes tiraria a vontade de alguém ouvir uma palavra que,
dependendo da situação do momento, poderia doer mais do que o seu próprio silêncio.
Do vão
quadriculado da janela, com as mãos segurando óculos de grau, fico olhando o
pôr-do-sol e constato, por mais belo que ele for não bastará para dar sentido
às essas vidas, ou no caso, também à minha, porque mesmo escrevendo de forma
pensada, não posso falar por elas ou em nome delas. Mas, confiando no que a
janela de minha alma me mostra, viro o rosto e meus olhos miram o horizonte
poente no intuito de me mostrar um caminho renovado, cheio de fé e esperança. E
fico só olhando e nem vejo os transeuntes que passam na calçada e os
arranha-céus que me cercam. Olho fixamente para ponto qualquer do universo,
pois só olhando com os olhos da alma e meditando posso responder as
expectativas, exigências e também às críticas que porventura venha receber de
cidadãos que compartilham comigo o mesmo desiderato. O importante é quando meu
olhar se depara diante dos deles e fixando o olhar, enxergo a esperança e paz,
aí então, para mim já é gratificante.
Devemos
parar de ficar só olhando o improvável,
o impossível, o incerto. Devemos tentar chegar até nossos semelhantes
com táticas mais eficazes, pois é muito difícil perceber o que fazer somente olhando,
usando somente a janela da alma e não vislumbrar que vale a pena esperar um
novo amanhã para que possamos interiorizar mais e mais profundamente em nossa
alma e encontrarmos o que estamos procurando, e se acharmos, não ser apenas uma
ilusão e dizermos: Estamos apenas olhando... Olhando para frente com o fito de
unir o trilho de nossas vidas, sem incomodar ninguém.
Com relação à política brasileira, esta me
incomoda também, no entanto - e não
estou só neste sentimento - que os cidadãos do Brasil não tenham
conseguido decidir sobre tão importante mudanças através de Lei ou não que pudessem
mudar todos esses atos humanos animalescos e politicalhas que enojam a nação
brasileira. Sei que não estou só neste momento, pois além dos bons e justos que
felizmente ainda são muitos, o Pai Celestial está comigo. Então, mesmo sendo
uma só pessoa olhando ou um milhão, resta-me continuar olhando, mesmo
absortamente, para o fato de que nós podemos mudar o Brasil através de
manifestações conscientes e sem exageros, repudiando tudo que vem ocorrendo de
errado em nosso País. Como disse Martin Luther King Jr.: “O que me preocupa não
é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter,
dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons”.
Lendo sua Crônica fiquei em silêncio para meditar um pouco...Não tem como falar ao contrário, você é um grande escritor, sabe como despertar, emocionar e motivar seus leitores com suas palavras...Parabéns amigo!!!
ResponderExcluirObrigado. Suas palavras são um incentivo para mim.
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