Manias e peripécias de um aprendiz de escritor

segunda-feira, 23 de junho de 2014


 

Tem dia que me entretenho ora lendo uma revista, ora um jornal, mas quando se trata de crônicas ou artigos bem escritos e interessantes, nele pauso o meu raciocínio e o conteúdo vai se acumulando na região recôndita de meu cérebro e todo o acervo, ao final, contabilizo-o enumerando os discernimentos  corretos e capazes de me levar a uma aceitação plausível. Leio devagar, frases por frases, viajo junto com as palavras e só paro onde elas também param porque obedecem a um ponto final. Os meus olhos passam rápidos pela escrita quando a noticia não me interessa. É verdade! É uma mania que tenho vinda de um hábito que me acompanha há tempos, como o de começar a leitura de uma revista ou de um jornal, do fim ou do meio para o princípio e ou mesmo já saber quem é o assassino na metade de um filme. São como se eu estivesse trocando a importância das notícias ou cenas, montadas por editores e cineastas, mas é apenas uma mania, não consigo me desvencilhar dela.  O que há de se fazer?

Algumas vezes, preocupado em modificar a ação e situação de personagens que crio, deixo de lado as revistas, jornais e na estante pego alguns livros, todos autografados, e com um entusiasmo próprio de quem quer construir um objeto de estudo e investigativo, faço anotações pertinentes, para, no final, não vir confundir minhas idéias ou essas anotações não se tornarem num amontoado de frases sem nexo e tornarem sem sentido a história de meu personagem. Condiciono-me a fazer uma análise séria e ponderada das palavras, mesmo quando aparecem escritas de forma frias e cruéis por um jornalista, articulista ou um escritor implacável, mas entendendo que todos os fazem com a melhor das intenções e retidão de pensamento. Diferentemente deles, eu consigo perceber que escrevo melhor quando não estou sendo pressionado e de fato, consigo organizar melhor meus textos quando não me é imposto qualquer exigência ou pressa. Em alguns mementos, como sempre friso em minhas crônicas, preciso do silêncio para viajar no mundo da imaginação e às vezes, até me surpreendo com o final, mas ainda com certa dúvida, e aí me questiono: Será que ficou bom? Mesmo sabendo estar bom o texto reviso-o várias vezes. Considero-me apenas um mero escriba, um iniciante das letras, na fase da descoberta, um aprendiz de escritor e poeta, que vive da contemplação, da admiração, entre o assustado e a vontade temerária de um dia me tornar um bom escritor e tentar provar, numa ou noutra crônica, artigo ou nas minhas obras literárias que serei capaz de ser reconhecido e honrar o título de imortal que hoje carrego comigo.

Nunca me ausentei deste espaço que o Diário da Manhã me dá.  Antes de ser criada a página “Opinião Pública” eu já escrevia minhas peripécias para esse operoso jornal. Especialmente por dois motivos: Mantenho-me sempre atualizado e escrevo em múltiplas opiniões e por múltiplas razões. Não regresso às escritas individuais, intimistas e isoladas. Procuro expressar sentimentos momentâneos meus e do povo brasileiro. Uso a linguagem como se fosse uma aposta na escrita reflexiva e levo a reflexão para o quotidiano, e as ações e projetos sociais que eu movo, não sejam pessoais, profissionais ou políticos. Para não colocar banalidades deixo-me estar ausente de coisas fúteis, mas não fujo de leituras dispersas com as quais me entretenho e as uso para não cair na encruzilhada do contraditório.

Particularmente, para a mantença da escrita perfeita, do conhecimento da língua portuguesa e da boa informação, mantenho ao meu lado o Dicionário para não escrever besteiras ou ser mal interpretado. Mas até onde poderei levar esta encruzilhada reflexiva? Será que as pessoas estão dispostas a encontrarem com o seu “eu” fazendo o percurso que a mente exige? Será que temos tempo para observar uma senhora passear com o seu cão na calçada? Será que temos tempo de ver um pai estacionar o seu carro na porta de um colégio e pegar seu filho? Será que notamos uma jovem com trejeitos simplórios passar usando um uniforme cinza e atravessar a rua sem um sorriso no rosto? Será que estamos atentos quando a Presidente do Brasil dá 7,71% de aumento para os trabalhadores e 10% para a Bolsa Família? Por que será que a mídia televisiva deixou de noticiar sobre a famigerada situação da Petrobrás? Será que foi à propaganda oferecida posteriormente à rede de televisão pelo Petrobrás que a fez calar? Será que a verdade das despesas com a construção dos estádios e com a realização da Copa será mostrada à população? Estou convicto que não, e é por estas e outras atitudes que muitas vezes escrevo usando as entrelinhas do silêncio, procurando fazer uma boa crônica, pensada, elucidativa, para alcançar um fim comum, um desiderato, e de certa forma, brincar sério com as palavras. Nestas ou em quaisquer situações, não escrevo por escrever e jamais me arrependo do que escrevo, porque leio antes, interpreto o que muitas pessoas expressam ao vivo ou pela internet, e mesmo assim, penso antes de escrever e quando a mente cansa como já disse anteriormente, uso as asas da imaginação para alcançar o impossível e não magoar ninguém. Quando falo por falar, sinto que pode ocorrer um equívoco, me arrependo e, uma vez que falo, não posso "desdizer", voltar atrás e pedir desculpas, porque me soa mal, muito mal. Por isto é que prefiro escrever, pois escrevendo tenho mais chances de corrigir meu pensamento, colocar no lugar certo os pontos e vírgulas e até reticências para não soarem como as pausas que preciso para que todos me entendam.

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