Tem dia
que me entretenho ora lendo uma revista, ora um jornal, mas quando se trata de crônicas
ou artigos bem escritos e interessantes, nele pauso o meu raciocínio e o
conteúdo vai se acumulando na região recôndita de meu cérebro e todo o acervo, ao
final, contabilizo-o enumerando os discernimentos corretos e capazes de me levar a uma aceitação
plausível. Leio devagar, frases por frases, viajo junto com as palavras e só
paro onde elas também param porque obedecem a um ponto final. Os meus olhos
passam rápidos pela escrita quando a noticia não me interessa. É verdade! É uma
mania que tenho vinda de um hábito que me acompanha há tempos, como o de começar
a leitura de uma revista ou de um jornal, do fim ou do meio para o princípio e
ou mesmo já saber quem é o assassino na metade de um filme. São como se eu
estivesse trocando a importância das notícias ou cenas, montadas por editores e
cineastas, mas é apenas uma mania, não consigo me desvencilhar dela. O que há de se fazer?
Algumas
vezes, preocupado em modificar a ação e situação de personagens que crio, deixo
de lado as revistas, jornais e na estante pego alguns livros, todos
autografados, e com um entusiasmo próprio de quem quer construir um objeto de
estudo e investigativo, faço anotações pertinentes, para, no final, não vir confundir
minhas idéias ou essas anotações não se tornarem num amontoado de frases sem
nexo e tornarem sem sentido a história de meu personagem. Condiciono-me a fazer
uma análise séria e ponderada das palavras, mesmo quando aparecem escritas de
forma frias e cruéis por um jornalista, articulista ou um escritor implacável,
mas entendendo que todos os fazem com a melhor das intenções e retidão de
pensamento. Diferentemente deles, eu consigo perceber que escrevo melhor quando
não estou sendo pressionado e de fato, consigo organizar melhor meus textos quando
não me é imposto qualquer exigência ou pressa. Em alguns mementos, como sempre
friso em minhas crônicas, preciso do silêncio para viajar no mundo da
imaginação e às vezes, até me surpreendo com o final, mas ainda com certa
dúvida, e aí me questiono: Será que ficou bom? Mesmo sabendo estar bom o texto
reviso-o várias vezes. Considero-me apenas um mero escriba, um iniciante das
letras, na fase da descoberta, um aprendiz de escritor e poeta, que vive da
contemplação, da admiração, entre o assustado e a vontade temerária de um dia
me tornar um bom escritor e tentar provar, numa ou noutra crônica, artigo ou
nas minhas obras literárias que serei capaz de ser reconhecido e honrar o
título de imortal que hoje carrego comigo.
Nunca
me ausentei deste espaço que o Diário da
Manhã me dá. Antes de ser criada a
página “Opinião Pública” eu já escrevia minhas peripécias para esse operoso
jornal. Especialmente por dois motivos: Mantenho-me sempre atualizado e escrevo
em múltiplas opiniões e por múltiplas razões. Não regresso às escritas
individuais, intimistas e isoladas. Procuro expressar sentimentos momentâneos
meus e do povo brasileiro. Uso a linguagem como se fosse uma aposta na escrita
reflexiva e levo a reflexão para o quotidiano, e as ações e projetos sociais
que eu movo, não sejam pessoais, profissionais ou políticos. Para não colocar banalidades
deixo-me estar ausente de coisas fúteis, mas não fujo de leituras dispersas com
as quais me entretenho e as uso para não cair na encruzilhada do contraditório.
Particularmente, para
a mantença da escrita perfeita, do conhecimento da língua portuguesa e da boa informação,
mantenho ao meu lado o Dicionário para não escrever besteiras ou ser mal
interpretado. Mas até onde poderei levar esta encruzilhada reflexiva? Será que
as pessoas estão dispostas a encontrarem com o seu “eu” fazendo o percurso que a mente exige? Será que temos
tempo para observar uma senhora passear com o seu cão na calçada? Será que temos
tempo de ver um pai estacionar o seu carro na porta de um colégio e pegar seu
filho? Será que notamos uma jovem com trejeitos simplórios passar usando um
uniforme cinza e atravessar a rua sem um sorriso no rosto? Será que estamos
atentos quando a Presidente do Brasil dá 7,71% de aumento para os trabalhadores
e 10% para a Bolsa Família? Por que será que a mídia televisiva deixou de
noticiar sobre a famigerada situação da Petrobrás? Será que foi à propaganda
oferecida posteriormente à rede de televisão pelo Petrobrás que a fez calar? Será
que a verdade das despesas com a construção dos estádios e com a realização da
Copa será mostrada à população? Estou convicto que não, e é por estas e outras atitudes
que muitas vezes escrevo usando as
entrelinhas do silêncio, procurando fazer uma boa crônica, pensada, elucidativa,
para alcançar um fim comum, um desiderato, e de certa forma, brincar sério com
as palavras. Nestas ou em quaisquer situações, não escrevo por escrever e
jamais me arrependo do que escrevo, porque leio antes, interpreto o que muitas
pessoas expressam ao vivo ou pela internet, e mesmo assim, penso antes de escrever
e quando a mente cansa como já disse anteriormente, uso as asas da imaginação
para alcançar o impossível e não magoar ninguém. Quando falo por falar, sinto
que pode ocorrer um equívoco, me arrependo e, uma vez que falo, não posso
"desdizer", voltar atrás e pedir desculpas, porque me soa mal, muito
mal. Por isto é que prefiro escrever, pois escrevendo tenho mais chances de
corrigir meu pensamento, colocar no lugar certo os pontos e vírgulas e até
reticências para não soarem como as pausas que preciso para que todos me
entendam.
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