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incessantemente sonhos ainda não realizados sempre foi meu desejo. Aos doze
anos de idade anos já deixava de brincar nas ruas poeirentas e com uma caixa de
engraxar sapatos me aventurava em meio à agitação da vida urbana. Solitário,
perambulava pelas ruas da cidade à busca do famigerado dinheiro para ajudar no
sustento da família e como me cansava! O sol queimava meu rosto, mas não
queixava, pois era única testemunha da minha labuta diária e vontade de vencer.
Caminhava a passos lentos e a cada sombra, deleitava-me e sonhava... Sonhava alto...
Primeiro em concluir o ensino médio, feito sem muita cobrança por parte de
minha mãe, que por sinal, nem tinha tempo para isso. Cuidava-se de nove filhos,
todos menores. Aos treze anos abandonei a caixa de madeira que carregava sobre
o ombro, bem como, a tabuinha de pirulito, o carrinho de esterco, e aos quinze,
a bicicleta, que usava para fazer cobrança para uma joalheria. Nessa loja, assumi
a vaga de atendente na carteira de cobrança e a bicicleta, logicamente, a
partir daquele dia, passou para o meu substituto, um garoto franzino. O meu
sonho começava a se realizar. Sentia que o meu futuro seria promissor e aí
agarrei com “unhas e dentes” aquele trabalho e no mesmo ano tive que me
apresentar ao Exército, optando pela FAB – Força Aérea Brasileira, mas, meses
depois, pego de surpresa pela saudade da família, retornei! De volta à Goiânia
onde tudo começou, voltei a trabalhar na área administrativa, com a mesma visão
de crescimento profissional, assumindo a convite do mesmo proprietário, e por
méritos, a chefia de carteira de cobrança e crediário de outra grande rede de
lojas – a Jóia Lar Ltda. Tudo começava a tomar um novo rumo.
Sempre muito organizado, prestativo e carregando uma conduta ilibada, mais
tarde, um dos sócios, eleito Presidente de uma entidade, me convidou a assumir
a Secretaria Executiva do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás,
onde trabalhei por quase oito anos. Depois fui Gerente de várias lojas
comerciais, de Bancos e Secretário Executivo de outras entidades sindicais.
Formando em direito exerci a advocacia por quase trinta e dois anos e nesse
interregno, assumi também vários cargos importantes tanto como servidor efetivo
da Assembleia Legislativa, ou comissionado, na Administração Pública Municipal
e Estadual, sempre procurando fazer um bom trabalho. Posso afirmar que durante
a minha lida profissional e ou mesmo pessoal, foram momentos fantásticos
inesquecíveis e não me arrependo de nada. Fui agraciado com muitos diplomas de
honra ao mérito, títulos honoríficos, troféus, medalhas... Tudo que fazia era
feito com muito ordenamento, dedicação e probidade administrativa. O destino que
tem o costume de mudar vida de pessoas, no que tange a minha, não mudou e
quando mudou, foi para melhor...
Mesmo
em alguns momentos vivendo a vida a 360º e já com o rosto já carcomido pelas
intempéries do tempo nunca deixei de sonhar e continuo sonhando, e hoje, com o
poder a escrita, vou rabiscando, redesenhando caminhos, reprisando sonhos
represados, procurando novos rumos e Deus onipotente, que sempre esteve comigo
em todos os momentos, deu-me e continua dando-me a sabedoria de usar as entrelinhas do meu
silêncio e delas, extraírem coisas boas. Com ELE me amparando, tornou-me forte
e aí brinco sério com as palavras e não escrevo por escrever. Disse certa vez,
numa crônica anterior, que não me arrependo do que escrevo, porque penso antes
de escrever e quando a mente cansa, procuro usar as asas da imaginação para
alcançar o imprevisível. Quando falo por falar, sinto que pode ocorrer um
equívoco, me arrependo e, uma vez que falo, não posso "desdizer",
voltar atrás e pedir desculpas, porque me soa mal, muito mal. Por isto é que
prefiro escrever, pois escrevendo tenho mais chances de corrigir meu
pensamento, colocar no lugar certo os pontos e vírgulas e até reticências para
não soarem como as pausas que preciso para que todos me entendam. Reflito e me
questiono mais ao escrever. Escrevo, apago alguns textos quando os acho
infantis, outros, inéditos e profundos, me comovo, e em certos momentos, excluo
novamente frases inteiras para depois, escrever de novo. São os ócios do ofício
de um escritor, de cronistas. Não sei se um dia vou aprender a arte de bem
falar, mesmo sabendo que não falo tão mal assim e
expresso bem o que escrevo, porque sai do fundo da alma, mas quando se trata de
falar de sonhos, repriso alguns e represo outros, para depois, devagar,
devagarzinho, abrir as comportas para alcançar outros sonhos...
Sempre e cada vez melhor, bjus amigo.
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