As Autênticas Caras Pintadas e os Baderneiros de Plantão

quarta-feira, 2 de maio de 2012

No dia 16 de agosto de 1992, ano em que os estudantes brasileiros foram grandes protagonistas nas lutas sociais do País, milhões de jovens brasileiros tomaram as ruas das Capitais com a cara pintada e vestindo roupas negras, como luto contra a corrupção do governo do então presidente Fernando Collor. Aquele domingo, mais tarde, ficaria conhecido como o “domingo negro” e aqueles grupos de jovens que, apesar de distantes clamavam pela justiça e pelo impeachment de Collor saíram vitoriosos. Naquele período ficaram conhecidos como “Caras Pintadas”. O movimento estudantil dos Caras Pintadas teve sua primeira reunião em 29 de maio de 1992 e as manifestações públicas aconteceram entre agosto e setembro daquele ano.
 
 
Um dos eventos considerados como estopim foi o chamado confisco da poupança, que obrigou todos os cidadãos brasileiros a emprestarem todas suas economias aplicadas em poupança que excedesse os Cr$50.000,00. O governo prometia que devolveria o dinheiro emprestado em um prazo mínimo,  entretanto não ocorreu. A situação ficou fora de controle depois que Pedro Collor de Mello, irmão de Fernando Collor, apresentou diversos documentos que indicavam roubo de dinheiro público, enriquecimento ilícito, tráfico de influência e corrupção. Em entrevista concedida à revista Veja, Pedro Collor citou seu irmão e Paulo César Farias (PC Farias) como cabeças-chave do esquema. O circo    estava armado e as entidades civis do país se reuniram para iniciar o “Movimento pela Ética na Política”.
 
 
No final do mês findo ao participar do protesto contra a corrupção, cujo ato foi realizado no dia 21 de abril de 2012, assisti emocionado, jovens voltarem às ruas com caras pintadas, expressando suas  revoltas contra a impunidade, a sonegação, a lavagem do dinheiro, a contravenção, a violência, os crimes de colarinho branco, os esquemas de poder paralelo e outros males endêmicos que acabam por substituir o Estado e até confrontá-lo, como é o caso do jogo do bicho e caça-níqueis que se tornaram  uma escandalosa  cumplicidade que precisa acabar mesmo sabendo que no Brasil nada se apura de verdade e tudo acaba em pizza. A corrupção maior como se pode ver em jornais e na TV, tem origem nas licitações e isso deixa o povo estupefato, indignado. São obras superfaturadas e bilhões de reais são despejados nas contas de empresas que estão atreladas aos governos. É a famosa troca de favores. Ganham a licitação e depois devolvem em forma de “bônus” alguns milhões àqueles que as beneficiaram quando da “apresentação de propostas” para realização de obras ou serviços. O caso “Cachoeira”, por exemplo, que teve a participação de empreiteiras, arrumou tantos adeptos que agora ficou difícil saber quem não faz parte do esquema. Que se cuidem os responsáveis pelas licitações e as empreiteiras que se beneficiaram com a construção de obras de vulto como os estádios, as reformas de aeroportos e construção de rodovias!
 
 
Mas, voltemos ao manifesto contra a corrupção, ocorrido no dia 21. Quando participei do movimento no ano passado já fiquei bastante decepcionado. Muitas entidades públicas, privadas e organizações não governamentais, participaram da caminhada apenas para fazer propaganda de suas próprias siglas, esquecendo do objetivo principal que era mostrar a corrupção que imperava em todos os Estados brasileiros. Faixas, cartazes e nomes das entidades eram divulgados durante a passeata e seus trabalhos alardeados através de aparelhos de som. O manifesto ora realizado Goiânia, ocorrido no mesmo dia em todas as Capitais brasileiras, foi para mim mais uma decepção. Durante a passeata pude observar pessoas pichando paredes, agredindo policiais que davam cobertura ao próprio evento, quebravam vidros das viaturas em total desrespeito ao patrimônio público; depredava tudo que via pela frente; outras com microfones nas mãos, diziam palavras de baixo calão para caluniar somente ao Governador e aí pensei com meus botões: Este ato público por si só já está corrompido. Uma forma de protesto criado a nível nacional para combater a corrupção não poderia ocorrer dessa forma, mas em Goiânia, para muitas pessoas, não parecia ser o objetivo primordial, pois, no uso do microfone, algumas até tentavam disfarçar dizendo que a passeata era democrática, a nível nacional, todavia, ao retornar o microfone a outro participante, incentivava e demonstrava sua euforia detonando de forma injuriosa e grosseira a pessoa do Governador. Como membro do movimento goiano de combate a corrupção sempre pautei minhas ações pela seriedade e respeito a qualquer ser humano, e advogado que sou, sei que qualquer pessoa, seja José Dirceu, Demóstenes Torres, Agnelo Queiroz, Sérgio Cabral, Rubens Otoni, Leréia, Sandes, Jovair, Iris, Maguito, Marconi e outros peixes graúdos e miúdos citados ou não, têm o direito constitucional da ampla defesa e lhe sejam assegurados pela Justiça os ritos normais, não os da imprensa ou de grupos partidários, assim como aqueles que vêm das ruas e redes sociais.
 
 
Faixas e cartazes carregados pelos manifestantes, como da primeira manifestação no ano passado, apareceram novamente, algumas de partidos que fazem oposição ao governo, o que me pareceu naquele momento tratar-se de um fato isolado, mas, era visível que muitos se infiltraram e aproveitaram do   movimento com o objetivo somente de macular a honra de Marconi Perillo esquecendo do seu próprio umbigo. E ato prejudicou as ações democráticas dos autênticos “caras-pintadas” que ali participavam e reivindicando seus direitos de cidadão, respeitando a lei do bom senso, o cuidado com o patrimônio  público e aos policiais que estavam lá para organizar e manter a segurança dos manifestantes. As pessoas que infiltraram no movimento não verificaram a própria sujeira impregnada na torrinha (poleiro) do PT, deixada por políticos corruptos cujos nomes foram citados no famoso “Mensalão”, e hoje, na Operação Monte Carlo, e nesta, um deles, inclusive, até recebeu R$100 mil de propina, tudo filmado e gravado, sem esquecer é claro, da ligação do governador petista do Distrito Federal. Depois disso e de tantas outras mazelas como acreditar nesses baderneiros de plantão ou em outra coisa qualquer quando vemos indicados para a CPI Mista do Congresso Nacional políticos como José Sarney, Renan Calheiros, Jáder Barbalho e Fernando Collor, que no passado, foram execrados pelo próprio PT e acusados de corrupção.

Por fim, é de bom alvitre salientar ainda que o PT ao tentar se desvencilhar do “Mensalão”, e da “Operação Monte Carlo”, afundará ainda mais em sua própria lama, avermelhada de corrupção, e dificilmente voltará falar em ética como aconteceu com o Senador Demóstenes Torres. Ninguém em sã consciência, do PT ou não, insistirão em dizer que são éticos, estes velhos e resistentes bordões que  vinham sendo alardeados por todos através da imprensa. Como tudo na vida é incerto e tudo aquilo que se faz no Brasil é feito em terreno não sedimentado, podem ter a certeza caro leitor que mais coisas  virão à tona, portanto, além de ficarmos preparados para novas surpresas devemos construir nos quintais de nossa vida um poleiro cheio com varas resistentes para que elas possam sustentar os grossos excrementos que possivelmente virão das CPIs.

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