Preocupado com o ano que se aproximava, sentei-me à beira
daquele rio, sem anzol, sem iscas, sem nada. Nada mesmo! Apenas ele, a natureza
e eu. Ele nem era piscoso e há muito não atraía pescadores. Mas era um local
aprazível, encantador, sempre me sentia bem quando ia lá. Próprio para meditar
ou refletir. Naquele dia levei comigo apenas o pensamento e este, sem se
importunar com os cânticos entoados pelas araras, ia e voltava na velocidade da
luz, tão veloz que meus olhos jamais podiam imaginar e aí, restou-me apenas
manter meus olhos fixos sobre as águas que recebiam cintilantes raios de sol, e
depois, curvar o meu rosto sobre os joelhos e refletir. Em certo momento, ao
trazer de volta alguns pensamentos que retornavam de um mundo incógnito comecei
a refletir: “Deus é isto. Deus é beleza que se ouve e se manifesta no
silêncio”. Quanto mais desciam águas pelo leito íngreme entendia o motivo
daqueles minúsculos espelhos d’água se debater sobre ele. Tudo ali parecia
orquestrado pela natureza que tentava me convencer que eu vivia num mundo
desigual. No planeta do absurdo, e o pior que era verdade. Mas o mundo tão belo
e rico que se estampava diante de meus olhos era bastante clarividente,
infelizmente, ele mostrava seus contrastes longe dali: doenças que se alastram
e algumas incuráveis, que deixam as pessoas desnorteadas tornando-as
deficientes ou incapazes para o trabalho. Mas ali diante dos meus olhos era
tanta beleza que jamais imaginaria outras coisas impostas e às vezes, achava
serem apenas cenas represadas no meu sub consciente, mas não eram. Como
contestar isso se os meios de comunicação mostram fatos novos todos os dias
como: crianças e mulheres que se prostituem para sobreviverem; crimes de
pedofilia, chacinas, roubos seqüestros, corrupção, abuso do poder econômico que
oprimem os menos favorecidos. Isto realmente não é irreal ou utopia, é pura
realidade, uma realidade que se alastra como se fosse uma coisa natural
característica da própria espécie humana.
Ultimamente
tenho pensado demais. E pensar, sentado naquele barranco, era melhor que
qualquer conceito e vivenciá-lo seriam o máximo; seria uma forma tão natural e
tranqüila quanto o correr das águas daquele rio. Sabemos muito bem que não há
fórmulas mágicas para a felicidade principalmente que se vê um ano novo chegar.
Mas arrisco a dizer que um de nossos principais desafios talvez seja a maneira
como a gente se aceitou ou chegamos a aceitar as derrotas e vitórias ao longo
desses anos. Sobre isso, se me permitem, gostaria de dizer: o jeito como muitos
buscam a felicidade. É um tema bem abrangente e pessoal. Espero que eu possa
contribuir com meus pontos de vista. Primeiramente, observo aqueles que são
mais receptivos às bênçãos que a vida tem a oferecer. Vejo neles uma relação de
opinião própria, inclusive acreditam que suas vidas poderiam melhorar,
entretanto, a princípio estão satisfeitos e felizes com o que têm. Em suma: “o
que vier é lucro”, diriam. O que seria pouco para muitos, para esses já é o
suficiente.
Em
outra análise estão os seres em transição, quando tudo está para vir a ser, em
constante processo de construção. Não prevalece uma correspondência de valores,
vínculos de felicidade. O contraditório disso é que essas pessoas demonstram
ser infelizes. E aí hei de concordar. Mas, se observamos as causas de suas
ações, essa busca de um mundo idealizado comprova que desejam e lutam por se
sentirem felizes. O problema é que podem atolar profundamente nessa fase.
Nota-se, principalmente, entre indivíduos que ainda não aprenderam a dosar as
suas ambições, sejam elas quais forem: materiais, intelectuais ou espirituais.
Por
fim, o que eu diria uma síntese dos dois primeiros, presente entre aqueles que
encontraram um meio-termo sobre o qual alicerçaram seus desejos e sonhos.
Melhor, uma estratégia pessoal do bem viver. Que não significa que são
acomodados. O contrário. A diferença é que adquiriram mais sabedoria para
definir as suas escolhas. Têm plena consciência da multiplicidade de caminhos e
estão satisfeitos com os caminhos que escolheram, ou os caminhos que devem
seguir. Nada é impositivo conseqüência ou reação da vida, mas uma opção
perfeitamente possível e otimista.
Alguém
realmente feliz deseja partilhar os seus momentos com as pessoas a sua volta.
Quando adquire uma espiritualidade a ponto de ser menos egoísta, deixando de
enxergar aquilo que é bom apenas para sua própria vida a fim de colaborar com a
felicidade alheia. Nesse momento é que compreendemos o verdadeiro sentido da
felicidade. E é essa felicidade que soa tão natural em tudo que fazemos quando
paramos por uns minutos para refletir seja ou não na beira de um rio.
Amigo as tuas reflexões sobre o futuro de forma simples e singela se faz necessário para os amantes da leitura, a tua forma mágica de escrever desperta nas pessoas sensíveis a vontade de viver, lê e escrever, escrever e lê... Parabéns !!
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