Minutos de reflexão.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Preocupado com o ano que se aproximava, sentei-me à beira daquele rio, sem anzol, sem iscas, sem nada. Nada mesmo! Apenas ele, a natureza e eu. Ele nem era piscoso e há muito não atraía pescadores. Mas era um local aprazível, encantador, sempre me sentia bem quando ia lá. Próprio para meditar ou refletir. Naquele dia levei comigo apenas o pensamento e este, sem se importunar com os cânticos entoados pelas araras, ia e voltava na velocidade da luz, tão veloz que meus olhos jamais podiam imaginar e aí, restou-me apenas manter meus olhos fixos sobre as águas que recebiam cintilantes raios de sol, e depois, curvar o meu rosto sobre os joelhos e refletir. Em certo momento, ao trazer de volta alguns pensamentos que retornavam de um mundo incógnito comecei a refletir: “Deus é isto. Deus é beleza que se ouve e se manifesta no silêncio”. Quanto mais desciam águas pelo leito íngreme entendia o motivo daqueles minúsculos espelhos d’água se debater sobre ele. Tudo ali parecia orquestrado pela natureza que tentava me convencer que eu vivia num mundo desigual. No planeta do absurdo, e o pior que era verdade. Mas o mundo tão belo e rico que se estampava diante de meus olhos era bastante clarividente, infelizmente, ele mostrava seus contrastes longe dali: doenças que se alastram e algumas incuráveis, que deixam as pessoas desnorteadas tornando-as deficientes ou incapazes para o trabalho. Mas ali diante dos meus olhos era tanta beleza que jamais imaginaria outras coisas impostas e às vezes, achava serem apenas cenas represadas no meu sub consciente, mas não eram. Como contestar isso se os meios de comunicação mostram fatos novos todos os dias como: crianças e mulheres que se prostituem para sobreviverem; crimes de pedofilia, chacinas, roubos seqüestros, corrupção, abuso do poder econômico que oprimem os menos favorecidos. Isto realmente não é irreal ou utopia, é pura realidade, uma realidade que se alastra como se fosse uma coisa natural característica da própria espécie humana.

Ultimamente tenho pensado demais. E pensar, sentado naquele barranco, era melhor que qualquer conceito e vivenciá-lo seriam o máximo; seria uma forma tão natural e tranqüila quanto o correr das águas daquele rio. Sabemos muito bem que não há fórmulas mágicas para a felicidade principalmente que se vê um ano novo chegar. Mas arrisco a dizer que um de nossos principais desafios talvez seja a maneira como a gente se aceitou ou chegamos a aceitar as derrotas e vitórias ao longo desses anos. Sobre isso, se me permitem, gostaria de dizer: o jeito como muitos buscam a felicidade. É um tema bem abrangente e pessoal. Espero que eu possa contribuir com meus pontos de vista. Primeiramente, observo aqueles que são mais receptivos às bênçãos que a vida tem a oferecer. Vejo neles uma relação de opinião própria, inclusive acreditam que suas vidas poderiam melhorar, entretanto, a princípio estão satisfeitos e felizes com o que têm. Em suma: “o que vier é lucro”, diriam. O que seria pouco para muitos, para esses já é o suficiente. 

Em outra análise estão os seres em transição, quando tudo está para vir a ser, em constante processo de construção. Não prevalece uma correspondência de valores, vínculos de felicidade. O contraditório disso é que essas pessoas demonstram ser infelizes. E aí hei de concordar. Mas, se observamos as causas de suas ações, essa busca de um mundo idealizado comprova que desejam e lutam por se sentirem felizes. O problema é que podem atolar profundamente nessa fase. Nota-se, principalmente, entre indivíduos que ainda não aprenderam a dosar as suas ambições, sejam elas quais forem: materiais, intelectuais ou espirituais.

Por fim, o que eu diria uma síntese dos dois primeiros, presente entre aqueles que encontraram um meio-termo sobre o qual alicerçaram seus desejos e sonhos. Melhor, uma estratégia pessoal do bem viver. Que não significa que são acomodados. O contrário. A diferença é que adquiriram mais sabedoria para definir as suas escolhas. Têm plena consciência da multiplicidade de caminhos e estão satisfeitos com os caminhos que escolheram, ou os caminhos que devem seguir. Nada é impositivo conseqüência ou reação da vida, mas uma opção perfeitamente possível e otimista.

Alguém realmente feliz deseja partilhar os seus momentos com as pessoas a sua volta. Quando adquire uma espiritualidade a ponto de ser menos egoísta, deixando de enxergar aquilo que é bom apenas para sua própria vida a fim de colaborar com a felicidade alheia. Nesse momento é que compreendemos o verdadeiro sentido da felicidade. E é essa felicidade que soa tão natural em tudo que fazemos quando paramos por uns minutos para refletir seja ou não na beira de um rio.



2 comentários:

  1. Amigo as tuas reflexões sobre o futuro de forma simples e singela se faz necessário para os amantes da leitura, a tua forma mágica de escrever desperta nas pessoas sensíveis a vontade de viver, lê e escrever, escrever e lê... Parabéns !!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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