Amigo leitor (a)

Amigo leitor (a). Quando lemos um livro, ou qualquer texto, publicados ou não, que são sinônimos do prazer, por mais simples que forem, sejam reais ou surreais, nos permite exercitar a nossa memória, ampliar nossos conhecimentos e nos faz sentir as mais diversas emoções, por isso, sensibilizado, agradeço a sua visita ao meu Blog, na esperança de que tenha gostado pelos menos de um ou que alguns tenha tocado o seu coração. Noutros, espero que tenha sido um personagem principal e encontrado alguma história que se identificasse com a sua. PARA ABRIR QUALQUER CRÔNICA OU ARTIGO ABAIXO É SÓ CLICAR SOBRE O TÍTULO OU NA PALAVRA "MAIS INFORMAÇÕES. Abraço,Vanderlan

Momentos de Reflexão

terça-feira, 2 de abril de 2013


Deitado à sombra de um coqueiro, dormi. De repente me senti mergulhando em águas profundas, inquietas, certo de que queria me mostrar alguma coisa, e sufocadamente, meu corpo imergia, emergia, reagindo às intempéries impostas por um mar revolto que, com o auxílio do vento, empurravam gigantescas ondas que se debatiam sobre as rochas e desintegravam-se sobre a areia branca que se esparramava naquela linda orla marítima. A realidade que via caracterizada no espelho d’água formado no fundo do mar era levada pelas ondas, mostrando vívidos detalhes de pessoas paupérrimas, injustiçadas, oprimidas, mulheres agredidas, negros discriminados, trabalhadores explorados, agricultores, pessoas sem teto e terra para morar e plantar, guerras, catástrofes, criminalidades, ditaduras espalhadas pelo mundo, repressões e tantas outras imbecilidades que me deixou pensativo e sem forças para combater tanto mal. A angústia me oprimiu e aí perguntei a mim mesmo: Quantos anzóis ou redes serão precisos para fisgar toda essa gente sofrida? Naquele instante me senti incapaz de acudir alguns, mesmo sabendo que detinha naquele sonho inesperado a força divina que impulsionava todas as minhas ações. Aqueles minúsculos espelhos d’água pareciam querer me mostrar que eu vivia num mundo irreal. Parecia absurdo, mas era verdade. No mundo tão belo e rico que se estampava diante de meus olhos existiam crianças passando fome, pessoas sem condições mínimas de plantar para a sua própria subsistência; meninos e meninas perambulando pelas ruas, cheirando cola para enganar a fome, queria que apenas fossem cenas represadas no meu subconsciente, mas não eram; crianças e mulheres que se prostituiam para sobreviverem; noutra onda, o espelho realçava a Terra sendo destruída pelo próprio homem; chacinas, roubos sequestros, corrupção, abuso do poder econômico que oprimem os menos favorecidos, isto não é irreal ou utopia, é pura realidade, uma realidade que se alastra como se fosse uma coisa natural característica da própria espécie humana.

Diante daquelas ondas senti que era necessário resgatar da memória do tempo os bons fluídos, as riquezas e criatividades produzidas por muitas pessoas cristãs, criteriosas, que pode fecundar esses momentos de reflexão e ajudar a delinear e modelar novos conceitos de vida em face do processo atual, uma vez que, às vezes, encontramos preceitos e normas de comportamento que estão fora de época. O mundo se globalizou então é importante que se recupere a moral dos homens e lhes deem condições de acompanhar as rupturas que a história maleficamente lhes impôs durante milênios. De outra parte, entendemos que cada pessoa deve se tornar sujeito de sua própria história, de sua própria libertação, transformando a sua realidade com a finalidade de efetivar a justa liberdade coletiva, ainda que de maneira deficitária.

Ao ver a multidão perdida na escuridão da vida e sem a presença de Deus, preocupei-me sobremaneira de ver muitos deles perderem a sua ligação com a igreja na qual foram batizados. Outros, sentindo-se excluídos pela sociedade, violentados moralmente e impossibilitados de terem acesso aos bens necessários para a sua sobrevivência, ficam frustrados e se deixam tomar pelo desânimo, deturpam-se as mentes e deturpadas, partem para as formas mais fáceis de ganhar dinheiro, exemplificado no tráfico de drogas, que tem levado muitos jovens ao crime e à morte prematura. Alguns, sem a orientação eficaz, mudam de religião como se estivessem trocando de roupa ou desesperançosos, tornam-se indiferente a tudo, fato que a igreja deve procurar saber para obter uma resposta mais adequada para combater os desafios aqui constatados.

Neste momento de reflexão, mesmo usufruindo das benesses de uma sombra e o sopro do vento que vinha do mar, comecei a entender realmente que não só a sociedade brasileira está na UTI, mas todo o planeta Terra. A doença do egoísmo e da maldade domina todo o sistema, onde, de forma excludente, não se consegue realçar a solidariedade como valor extremamente capaz de forjar um mundo mais humano e fraterno. È necessário que a perda progressiva do seu senso ético e o próprio individualismo como um mal predominante possa ser retirada com a inserção do bisturi do amor, juntamente com a raiz da justiça, que está sendo corroída dia a dia, possam tirar do sofrimento os mais fracos e indefesos.    

Laços de Família

quarta-feira, 27 de março de 2013


Embora os filhos não tenham motivos para se tornarem delinquentes é necessário entender que a violência pouco a pouco pode entrar em nossos lares. Ouvimos diariamente noticiários mostrando as barbaridades praticadas por jovens contra pessoas humildes que transitam pelas ruas e ou mesmo contra os seus próprios pais e entes queridos. Situação que nos fazem refletir e perguntar: Como pode ele praticar tanta barbaridade? Como podem ser tão frios e capazes de praticar tamanha violência? Não obstante a gente não aceite como um fato real, que pode alcançar o nosso lar e que esta é uma realidade vivenciada em todos os lugares, que afeta a todos, não podemos deixar de considerar que a violência sempre existiu, entretanto, o mais perigoso, agora, é que começa a ser tolerada e ser aceita como inevitável, pois sem ir muito longe, em nossos lares a televisão entra sem pedir licença, mostra em seus filmes e novelas cenas horripilantes, armamento de pequeno e grosso calibre que vomitam suas balas como se estivessem comemorando uma festa junina, e vemos estupefatos, vários corpos estirados no chão. O sexo deliberado e crua violência que se veem nos noticiários já extrapolam os limites da sensibilidade humana, mas, no fundo, torna-se difícil de dar um basta. Há uma perda de controle geral pela sociedade organizada.

No que tange ao meio familiar, desde os tempos remotos, Deus tem incluído a família em suas promessas de bênçãos, salvação e livramento, tanto que em Gêneses 7:1 disse para Noé: “Entra na barca, tu e toda sua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de mim no meio desta geração”. Daí manter a paz e ser justo dentro de uma família, partindo deste princípio, podemos afirmar que é uma obrigação primária, mas, em espacial, dos pais, pois é no lar onde se aprende essa justiça, onde se inicia o aprendizado das palavras de Deus, bem como a viver e construir a tão almejada paz. É no lar que os pais têm enorme responsabilidade de ensinar aos seus filhos a maneira de se comportar, de tratar aos demais e de resolver os problemas. Mas é importante salientar que nessa pequena sociedade familiar, que exista amor e carinho entre seus membros para que não se perca a almejada paz, pela qual, todos devem trabalhar pacientemente todos os dias para conquistá-la e ou mesmo mantê-la. 

A paz para reinar num lar deverá ser o resultado de muitas atitudes, mas todas elas deverão estar fundamentadas precisamente no amor, na caridade, sem perder a visão familiar tão sonhada por Josué (24:15): “...eu e minha casa serviremos ao Senhor” . Quando colocamos algumas famílias no palco da vida para encenaram suas vidas, assistimos cenas que nos deixam estarrecidos, entretanto, é importante atentar para o fato de que estão vivendo uma realidade dinâmica, em evolução permanente, com nascimento de novas raízes e aí nunca será a mesma, pois estão formando um mundo à parte, como propostas e jeitos próprios que não se repetem. E é neste contexto que os planos de Deus tomam forma e são dados ao casal em forma de semente para que a cultive e se multiplique na Terra, onde o mal, muitas vezes, parece prevalecer sobre o bem, mas, fortalecidos por ELE e obedecidos os seus mandamentos, essas famílias possam prevalecer sobre o mal, crescer e levar essa semente à plenitude do amor, da paz e da bondade.

É difícil corrigir anos e ou mesmo erros de gerações passadas, todavia está claro que há muita coisa que precisa ser esclarecida escrita no versículo, Atos 16:31: “Crê no Senhor Jesus e será salvo, tu e tua casa”. Interpretando a frese acreditamos que essa provisão Divina para a salvação e benção de toda a família nada mais é que devemos meditar que Deus pensa nela e tudo que faz, tanto que proveu para o seu filho Jesus uma família abençoada nesta terra. Tenho visto atitudes erradas na vida de muitos cristãos, entretanto, o único modo pelo qual podemos ter boas famílias é vê-las construído sobre um alicerce firme para que todos louvem a Deus de forma consciente e tudo comece a frutificar dentro da casa, de modo que possam entender o que Deus tem desejado e os princípios que norteiam o seguimento familiar.

Apenas o Sol e a Lua como Testemunhas

quinta-feira, 21 de março de 2013


Quantos meninos e meninas estão perambulando pelas ruas, pés descalços e maltrapilhos em busca de um lugar melhor na sociedade em que vivem. Quantos permanecem às margens da sociedade em uma luta insana pela sobrevivência. Procuram casas não habitadas, terrenos baldios, uma ponte para fazerem delas suas moradias ou se protegerem do sol escaldante, ou à noite, do frio; não tem proteção da sociedade e não são convenientemente vigiados ou orientados por adultos responsáveis. Nesse percurso, como crianças desprovidas de recursos, passam a maior parte do tempo na rua, sem serem necessariamente infratoras, fazem de tudo para manterem-se vivas e algumas até procuram, de forma lícita, gerar míseros trocados para ajudar no sustento da família. 

Consideradas pela sociedade como perturbadores da ordem e da paz social essas crianças nasceram como quaisquer outras cheias de vitalidade, alegria e expectativas. Querem fazer parte da sociedade que lhes confronta nas ruas e sonham fazer parte de um modelo econômico e social do qual são excluídas. Só encontram barreiras e falta de oportunidade nos lugares onde vivem: os espaços segmentados das cidades, as favelas e os bairros de periferia. Rejeitados por essas comunidades se afastam para permanecerem vivas e aí, deparam com a violência das ruas, são presos, maltratados e ao serem julgados pela justiça dos homens não tem ninguém que os compreende e os amparam de verdade. Ao sentirem os olhos sisudos da lei, voltam seus pensamentos para o passado e conseguem somente vislumbrar o sol e a lua que foram os únicos a testemunharam seus momentos de angústias, solidão e devaneios. 

Diante desta situação seria desumano acusar os pais paupérrimos por falharem ou não terem condições de criar e educar os filhos, haja vista que sequer lhe são assegurados condições mínimas para que possam viver com dignidade e manter os filhos numa base sólida. Apoiar essas famílias carentes seria a maneira mais hábil de fortalecê-las e, em consequência, o caminho seguro para a promoção de políticas de defesa da infância e da juventude, bem como de seu direito de exercer a cidadania. 

Durante a minha caminhada, ao ouvir os desabafos dessas famílias, restou-me sentir na profundeza da alma que o ser humano está acéfalo e em face dessa acefalia moral da sociedade tento compreender a minha própria história: eu era um menino pobre, pés descalços, que percorreu ruas poentas, engraxava sapato para sobreviver e, nas andanças, procurava buscar aquilo que muitos não tiveram e foram negados pela sociedade: uma família, um lar, mesmo humilde, mas de verdade. Naquele casebre, entre os desabafos, senti que a fome batia à porta do estômago de uma criança, a sua boca estaca seca, a pele encardida, os lábios rachadosdesnutrida e o corpo todo reagia conforme as variações da velocidade de um móvel da unidade do tempo; olhava a prateleira e nada via; nada que podia suprir a dor imposta pela fome. Outro meninomenos franzino, de olhos castanhos arregalados, saiu para a rua e se encontrou com outros na mesma situação. Formou-se um bando e a cidade trancou suas portas com medo do absurdo, esta mesma cidade que viu e vê tudo sem levantar o bastão que tem poderes de abrir portas e nelas colocar o amor e a dignidade. Situação que me lembrou de uma notícia de jornal que anunciava um show milionário com o cantor inglês Paul McCartney que dizem estar sendo patrocinado pelo Governo de Goiás. Se for verdade, é um absurdo! Um contraste com tudo que a gente assiste na vida real. 

É salutar que haja responsabilidade e que se inclua na sabedoria dos homens que cuidam desses meninos e meninas de rua que, além da inclusão familiar, há a necessidade da religiosidade, colocar em suas bocas os provérbios citados por Jesus durante milênios e fazer com que todos possam entender a amplitude de suas palavras. Os gritos silenciosos desses jovens trazem para nós, neste período tenebroso, onde ocorrem crimes a todo instante, sinais de um possível novo tempo, porque está exigindo de nós outra postura, onde deve participar toda a sociedade: os pais, professores, sociólogos, juizados, Ministério Público e o Governo, porque esses meninos e meninas vão crescer e, amanhã, se tornarão adultos e a sociedade dotada de bom alvitre não vão querer vê-los organizados e fazendo parte de um movimento que ampliarão por certo o submundo do crime.

Pássaro de Aço

terça-feira, 5 de março de 2013


Através da pequena janela observo alguém na torre de controle autorizar a decolagem. Autorizado, o piloto liga a turbina e o avião desliza pela pista numa velocidade considerável soltando no asfalto uma fumaça esbranquiçada que devia cheirar borracha queimada, e, no momento certo, sustentado pela força da gravidade, levanta seu bico rumo ao céu nublado. Pequenas gotas de chuva debatiam na janela e num repente ficou para trás trazendo a sequidão do nordeste, enquanto observava atentamente a amplitude do universo que nem sabemos ter fim. As nuvens não se assustam mais com esse objeto composto por turbinas e fuselagem em forma de charuto, sustentado por um par de asas que transportam em seu interior pessoas de todos os tipos, e olhando em seus semblantes, notava que cada uma carregava consigo, esperanças, desilusões, mágoas, ansiedade e medo. Algumas são a primeira vez que voa nesse imenso aeródino.

A aeronave segue calmamente rumo ao nordeste do Brasil, cuja rota já estava traçada na planilha de voo. Ela não balançava quando fazia o trajeto sul, permanecia firme e em linha reta, naquele momento sobre as nuvens, ora negra, ora branca, como a um algodão. Dentro, os passageiros ainda se ajeitam nas poltronas, inquietos, alguns tensos, outros com os olhos parados no tempo e um sono por quebrar. Um homem de cabelos grisalhos, com o rosto já carcomido pelas intempéries do tempo rezava em silêncio, enquanto lá embaixo, podia-se ver a terra mostrando sua face, coberta por serras, milhares de meandros, savanas, lagos e dezenas de rios que, algumas vezes, desapareciam debaixo de imensas nuvens negras, ficando totalmente diminuto lagos e rios que se tornavam apenas pequenos riscos sinuosos em face da altura do avião.

O pássaro de aço segue seu rumo e durante alguns segundos uma turbulência, explicada pelo piloto que se tratava apenas de mudança de altitude. Um simples barulho bastava para deixar alguns tensos, mesmo diante do silêncio que pairava no ar. A cada instabilidade da aeronave olhos se abriam e faces empalideciam. Mas, logo, sorridente, veio uma jovem, comissária de bordo, empurrando um carrinho com habilidade e sem nenhum medo no olhar; depois escutou alguém reclamar de alguma coisa e nem percebeu ou se fez de indiferente quando jovens trocavam carícias nas últimas poltronas. Nem pareciam sentir os problemas que afligiam cada um.

O homem construiu máquinas incríveis, inimagináveis, bem como esses pássaros de aço que encurtam distâncias e suavizam nossos sofrimentos algumas vezes maltratados por uma longa viajem numa estrada de chão. O tempo passou sem que fosse notado e logo ouvimos a voz do piloto anunciando a chegada e poucos minutos depois, a torre de controle autoriza a aterrissagem. A nave desce bruscamente rangendo os freios sobre o asfalto quente e depois segue lento rumo ao portão de chegada. Antes de descer, ainda olhei pela janela embaçada pelas gotas produzidas pela neblina que cortava o céu de Aracaju. Tudo era belo e a obscuridade de antes, era interrompida pelas luzes que delineavam a pista do aeroporto e por pequenas aeronaves que desciam e levantam voo.

No saguão do aeroporto, menos aflitos estavam os rostos daqueles que ainda iam seguir viajem. Sai caminhando lentamente e deixei para trás aquelas pessoas que qualquer dia poderia encontrá-las novamente no mesmo trajeto e escutar as mesmas lamentações, as mesmas aflições e aquele medinho de viajar de avião. E entendível que faz parte do ser humano e muitos deles não conseguirão despistar o seu medo, por mais que acreditam em Deus. A mente e o coração da pessoa humana são frágeis e incapazes de seguir essa barra e carrear com fervor a emoções vividas de forma que não mais venha sentir medo. E não adianta fugir da realidade, pois todas as sensações, ansiedades aflições, fenômenos físicos e mentais que ouvi e assisti durante a viajem foram importantes para que possamos entender a existência do homem no universo e, por outro lado, se realmente ele acreditam na existência de Deus. As atitudes demonstradas por cada uma delas, por mais que acreditassem em Deus, considero que essa demonstração de fé, caso não seja rejuvenescida ante o Criador, continuará sendo apenas uma gota de orvalho que não tem mãos para levantar aos céus e pedir ajuda, pois rapidamente de evaporará sob os raios de sol. 

Tolerância Zero

sexta-feira, 1 de março de 2013


Dias atrás um amigo telefona dizendo que precisava de uma orientação jurídica. Seu carro e sua carteira de motorista foram apreendidos perto de uma cidade do interior de Goiás. Disse-me que carregava algumas cervejas e os policiais alegaram que ele estava bêbado. Não que concordou com a afirmação do policial e se prontificou a fazer exames médicos, mas, mesmo assim, a sua carteira ficou apreendida não sabendo para onde fora encaminhada, se para o DETRAN ou PRF. Demonstrando certa contrariedade alegou que precisava do veículo, pois era seu o único meio de transporte e que o usava para trazer produtos da roça, e por fim, perguntou-me como deveria agir. Perguntei aos os meus botões: será que um motorista depois de cometer uma asneira desta, ou seja, carregar cervejas desobedecendo à nova Lei apelidada de “Tolerância Zero” pode ficar ileso? E se considerarmos a existência de imprudência e que essa provocasse a morte de um parente, de um filho ou de um ente querido, seria correto liberar sua carteira? Talvez a sua resposta, esteja ele embriagado ou não, possa ser um não. Como imaginar a dimensão da dor da família do acidentado? E qual seria o tamanho da sua indignação? São sentimentos difíceis de serem mensurados.

No nosso país a quantidade de pessoas que perdem a vida por ano por causa do trânsito é muito maior do que qualquer guerra já noticiada. Muitas delas ocorrem por influência do álcool e uso de drogas. Mas, como barrar essa tragédia social? Um verdadeiro massacre humano silencioso que não tem o mesmo espaço na mídia como a queda de um avião ou a morte de um torcedor num campo de futebol.

Como acabar com esses motoristas embriagados? Exterminá-los antes que os mesmos matem inocentes? Seria essa a saída? Goiás e principalmente Goiânia, segundo uma pesquisa nacional, aparece com um número surpreendente de pessoas que tem o costume de beber e dirigir. Têm muitos botecos esparramados pela Capital e muitas cidades do interior são turísticas, como Caldas Novas. Talvez o calor escaldante sobre Goiás seja o culpado dessa crescente bebedeira. Eu diria que seria, na verdade, a falta de educação de fato e de direito. Àquela que nossos pais deveriam nos ensinar ainda dentro de casa.

Sinto-me frustrado e impotente quando dirijo pela cidade e noto acidentes de toda monta, principalmente com motociclistas imprudentes. A Lei Seca que sofreu algumas alterações nesse mês que passou, pode continuar oportunizando que os maus motoristas continuem bebendo e dirigindo. Isso não mudou. Mas, o que ela trouxe de benefício para quem a fiscaliza? Apenas ampliou o seu contexto de provas e do valor das multas. Isso no meu entendimento não é suficiente para melhorar as estatísticas de mortes no trânsito do nosso País.

Mais uma vez vamos ter uma verdadeira guerra judicial nos tribunais quando um motorista alcoolizado matar mais um inocente nas ruas das nossas cidades. Isso sem falar ou contar, melhor dizendo, nos milhares de reais que são gastos com a saúde pública para recuperar e enterrar pessoas vítimas de acidentes de trânsito, onde o principal protagonista dessa triste história é mais um motorista embriagado.

Sou a favor de uma Lei Seca que promova a tolerância zero mesmo! Disse isso ao amigo quando me ligou. Como o policial relatou no BO que estava bêbado e ele disse não, então, lhe orientei que deveria apresentar uma defesa administrativa e provar suas alegações, pois só assim, após analisado, poderia recuperar sua carteira antes do prazo previsto da Lei. A pessoa bebeu, qualquer que seja a quantidade, não pode mais pegar no volante. O cidadão tem de entender que essa combinação não dá certo, só gera dor e inconsequências danosas para as famílias. Como advogado, presidente ONG Visão Ambiental e missionário da Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, que tem como pároco o Padre Luiz Augusto, que combate incisivamente o uso de bebidas alcoólicas, motivos que me fazem conclamar a toda sociedade a entrar nessa luta para que a justiça seja implacável com os usuários para que, doravante, traga somente benefícios à sociedade e um futuro melhor para todos nós.

Homens de duas caras e os caras de pau.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


Não queria mais entrar no mérito, entretanto, em razão dos últimos acontecimentos, resolvi escrever sobre o assunto. Desde que o Partido dos Trabalhadores assumiu a Administração do País venho acompanhando as ações de seus mandatários maiores. Seus líderes antes de assumirem o poder se mobilizavam, iam às ruas e criticavam o governo, conduziam cartazes e gritavam palavras de ordem contra a corrupção e assim agiam como se fossem salvadores da pátria.  Punham “lenha na fogueira”, muitas vezes até ajudavam a atiçar fogo e depredavam tudo o que viam pela frente.  Onde havia uma atmosfera crítica e as fofocas preenchiam as conversas, eles lá estavam. Desde aquela época comecei a me preocupar e perguntava a mim mesmo: será que se eles assumirem o poder acabará com a corrupção? E fui percebendo, com o passar dos tempos, que se tratava de um ledo engano e aí comecei a notar o aparecimento de homens de “duas caras” e “caras de pau”, que mentiam e continuam mentindo descaradamente, e mesmo penalizados pela justiça, assumem cargos eletivos e nem corados ficam – talvez, no caso do mandatário maior – o Lula da Silva, que parece ter mais de duas caras –, também nunca vermelho fica diante das câmeras, e nós sabemos que ele mente e sabe de tudo o que acontece nos bastidores, por trás das cortinas palacianas, de modo que, em razão disso, passou a transmitir desconfiança e virar chacota nacional. Bastam ver jornais, revistas, Twitters, Facebook e outros meios de comunicação. E aí pergunto: Onde foram parar os princípios éticos tão propalados pelo PT antes de assumir o poder?

Infelizmente, esse é um problema vivido pelo País. De modo geral, a falta de moral e ética dos políticos que sequer sabem respeitar os valores assentados nas Escrituras e à própria Constituição Federal. Mentem descaradamente e possuem uma displicência para com o pecado e o risco do mundanismo que têm gerado uma classe crescente de “caras de pau”, homens públicos, eleitos pelo povo, que ao pegarem o bastão legislativo e ou mesmo do executivo, já sentem o cheiro da propina, simplesmente esquecem-se das promessas feitas aos seus eleitores quando diziam: se for eleito serei honesto e probo. 

Protegido pela reclusão do seu escritório ou gabinete, esse tipo de político segue virtualmente caminhos onde nunca desejaria ser visto e até mantém conversas que jamais pensaria que caíssem nos ouvidos da lei.  Mas, felizmente caíram. Com perfis que contêm nomes, fotos, gravações que dizem não serem seus, eles se aventuram em uma vida perniciosa, paralela ao mundo nefasto e muito próximo ao profano.

Recentemente, um desses líderes disse “que não há nada demais em fazer mais um barulho com a sua revolta porque, depois pretende se aquietar enquanto o tempo apagará a memória coletiva” – apenas oficializou o que suas pregações e artigos que já escreviam havia muito tempo. Um ledo engano desse ímprobo. Uma ironia em detrimento de um povo que ele acha ser bobo. É uma tragédia quando alguém apostata desse jeito da verdade, mas é melhor fazer isso que, ainda apoiado nos galhos da República – como muitos “políticos” o fazem –, continuam ensaiando mentiras como justificativa para a sua salvação diante de uma decisão judicial, onde sabem serão descritas as imoralidades, impuridades, formação de quadrilha e corrupção geradas pelo famigerado “mensalão”. E foi preciso o STF agir para que as caras duplicadas aparecessem, e mesmo assim, insistem em dizer que são inocentes e até fazem ameaças de irem às ruas, reúnem para arrecadar dinheiro para pagar as condenações impostas pelo STF, cujos hábitos perniciosos, essas pessoas sempre o utilizaram para incitar e enganar o povo incauto a cair em suas próprias armadilhas, como aconteceu com muitos jovens denominados de “caras-pintadas” que inocentemente participaram daqueles movimentos. É tempo dos políticos terem uma só face e ao usarem a Gillette, devem torcer para que dela não saia serragem; se não conseguirem mudar, pelo menos tente se aproximar da do nosso Senhor Jesus, e quem não quiser assumir as feições do Mestre, que deixe as fileiras dos terrenos inférteis e passem a exibir somente uma face. Mas se não quiserem fazer isso, então, procure pelos menos seguir a santa orientação bíblica: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purifiquem as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração” (Tg 4.8).

Quando falamos de duas caras é importante delinear em itens separados algumas famosas frases do Lula: 1.ª - Em 18 de agosto de 2005, no auge do Mensalão disse: “Quero dizer a vocês, com toda a franqueza, eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia, e que chocam o país.”; 2.ª - No dia 1º de setembro de 2007, durante o 3º Congresso do PT disse: “É verdade que podemos ter cometido erros [...]. Mas ninguém nesse país tem mais moral e ética do que nós.”; 3.ª - Em 18 de agosto de 2005: “O PT deve pedir desculpas [ao país] por seus erros.”; 4.ª - Em 1º de setembro de 2007: “Não temos de quê nos envergonhar. Não tenham medo de ser petistas, de andar com a estrela no peito. O PT é um dos grandes responsáveis pelos passos largos do Brasil rumo à dignidade”.

 À beira do deboche, o Ex-Presidente que se alardeia tão arguto e inteligente, pois se faz de surdo, cega-se e emudece; diz não ter ouvido ou visto tantas traficâncias ilícitas e ilegais ocorridas dentro ou fora dos corredores palacianos. Os escândalos do caso Rosemary, sua “amiga”, cuja situação perniciosa sobrepõe os casos dos anões do orçamento, do dinheiro na cueca, do mensalão, etc. que o fez viajar para a Europa, África e escapar da mídia. Como se vê, o Lula de hoje é bem diferente do Lula torneiro mecânico e líder sindicalista. Em tese, teria até mais razões para cobrar dos “traidores” um “pedido de desculpas”. Afinal, há meses o STF converteu em ação penal a denúncia contra os 40 integrantes da “quadrilha” do mensalão.  Onde Lula alegou que via “erros”, mas o STF enxergou indícios de crimes. “Onde o presidente observou “moral” e ética”, o Tribunal enxergou corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato, gestão temerária e evasão de divisas. Certo dia, em um discurso do presidente voltado à militância petista que durou 57 minutos e 25 segundos (ouça aqui, se quiser), não pronunciou uma mísera palavra de reprimenda. Foi segundo a interpretação do SITE do PT um “discurso para lavar a alma petista e elevar autoestima.” Só não lavou a imundície concentrada no processo que tramita no STF. Mas quem se importa? “José Dirceu, o técnico do time Mensalão, que recentemente brindou com petistas a sua não prisão em 2012, em razão do pronunciamento do Ministro Sebastião Barbosa, mas, felizmente, dificilmente escapará, porque já tinha sido “brindado” com várias imputações e condenado a 10 anos e 10 meses de prisão —, ele acha que Lula expressou o sentimento dos delegados” presentes naquele 3º Congresso petista. Para o ex-chefe da Casa Civil -, “o partido já fez a autocrítica”. Voltar ao tema do mensalão é, na opinião dele, “um desvio de foco” que só interessa à direita. O PT, disse ele: “se renova, assume novas bandeiras.” Frases irônicas de quem possuem duas caras que sequer coram.

Kiss, O beijo do descaso.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


Hoje, após alguns dias da tragédia ocorrida na boate Kiss comecei a pensar na dor daquelas mães, pais, irmãos, irmãs e amigos da vítimas, cada um ou uma, com uma história diferente destacada pela mídia. Deixo-me tomar por um momento de reflexão, enquanto me preparo para ir ao trabalho, mas, logicamente, ansioso para que cada uma daquelas famílias encontrassem algum conforto. Lembrei-me de quantas vezes me irritava com tudo e com o excesso de zelo de minha saudosa mãe, ainda que estivéssemos a centenas de quilômetros de distância. Precisou acontecer  aquela tragédia para que eu hoje a entendesse.  E entendi, pois os filhos para os pais não têm idade. Necessitam que eles  compartilhem, telefonem, digam onde estão, se estão bem ou não, para que possam fechar a porta e deixar do lado de fora as tormentas e preocupações.

A dor daquelas famílias era tanta que não souberam exercitar a revolta. A gente via que era sofrimento demais diante de um prédio em chamas, que mais perecia uma armadilha, um labirinto, cuja saída era controlada por “toupeiras”, comumente chamados de porteiros. Evidentemente que muitos se arriscaram antes a morrer nas dependências da boate na ânsia de salvar seus amigos e ao observar cada expressão colocada pela mídia, tanto escrita como televisiva, notei que na translúcida dor faltava apenas o casamento do fortuito com o inexorável. As imprudências imbecis e metodicamente praticadas dentro de um cubículo sem saída careciam do elemento incidental, destacando a estupidez que serviu de estopim e do gesto tolo de um músico que foi desastroso provocando uma reação em cadeia resultando naquela horrenda tragédia.

Na madrugada de sábado para domingo, um sem noção, inlúcido no palco, manuseando um sinalizador, uma espécie de fogos de artifícios, esguichou  para cima fagulhas que atingiram o teto de papelão e material de proteção acústica que são altamente inflamáveis. Foram apenas segundos. O fogo formando imensas labaredas se espalhou  pelo teto e a maioria das vítimas morreram asfixiadas pela fumaça tóxica. Não existiam portas de emergência ou outras saídas e a única, se encontrava travada pela imbecilidade, talvez, se estivesse “destravada”, bastava para minimizar a tragédia. Mas, o Corpo de Bombeiros não atentou para esse detalhe e liberou o uso da boate, cuja licença se encontrava vencida desde agosto do ano passado. Para as autoridades policiais é uma informação relevante que parece indicar que a casa não primava exatamente pelo respeito às regras ou havia falha do Poder Público. De quem seria a culpa afinal? Do Corpo de Bombeiros que julgava que tudo ia bem? Do músico que soltou fogos de artifício?  Dos porteiros que impediram a saída dos frequentadores porque achavam que os jovens não queriam pagar? Do Poder Público de forma em geral ou somente dos proprietários que tinham protocolizado a renovação da licença? 

A escuridão tormou conta do salão deixou a moçada no escuro em meio à fumaça. Não havia luzes de emergência, acionadas automaticamente quando há o corte do fornecimento de energia elétrica. Dizem que um extintor não funcionou. A boate Kiss não poderia naquelas condições estar funcionando. E não era um empreendimento pequeno e nem  clandestino e pelo que se vê nos noticiários talvez fosse a maior casa do gênero em Santa Maria, uma cidade de porte médio com  pouco mais de 230 mil habitantes, mas com vida noturna agitada em razão de possuir uma Universidade de renome que atrai jovens de todo Brasil.  Noticia-se que aquele festa tinha sido organizada por alunos do primeiro ano dos cursos de Tecnologia de Alimentos, Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia para angariar fundos para suas formaturas.

Por mais que eu tento refletir observo que essa não é uma tragédia fabricada pelo acaso. Ela é obra de uma cadeia de descasos, de desrespeito ao ser humano e quiçá, de uma má administração do serviço público. Uma casa  de shows naquelas dimensões tinha de ter, por exemplo, uma brigada civil de combate a incêndios. A ela caberia dizer aos tais imbecis chamados de banda “Gurizada Fandangueira” que o ambiente era impróprio para o uso de fogos de artifício. Assim urge as autoridades policiais que apurem as responsabilidades. Sou advogado, mas a vivência no meio jurídico me fez conhecer uma pouco de perícia técnica, mas, no caso em tela é desnecessário meus parcos conhecimentos, pois há elementos de sobra para concluir que a “fatalidade” que resultou na morte de 237 jovens e outros tantos na UTI, foi construída pela imprudência, insensatez, estupidez e não pelo destino. Foi preciso acontecer uma tragédia dessa magnitude para que o poder público desencadeasse uma fiscalização mais rígida em todo o País, mas, acredito será em vão, pois a morosidade e incompetência do serviço publico não evitará outros descasos. Esse é o Brasil, onde mandatários-mor choraram no intuito de angariar dividendos políticos.

Detrás da sombra de nossos sonhos.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Tempos idos os pais não se preocupavam se o seu filho poderia sair sossegado à noite, assistir filmes e shows musicais; andar sem medo pelas calçadas, pois naquele tempo não existiam pivetes, assaltantes, usuários de drogas e traficantes. Não se importavam com a filha que ia a pé ou de ônibus até a escola ou outro destino qualquer?! Naquele tempo, ao lado de uma agitação que era considerada como normal tudo se passava sem grandes sobressaltos. A televisão que era em preto e branco, não mostrava cenas horripilantes como hoje e são repetidas sem a anuência do telespectador, tudo em nome da mídia. Adultos e adolescentes caminhavam pelas ruas de madrugada, sem medo de serem felizes, cantavam para as estrelas e nem ouviam os roncos de motores, buzinas ou latidos de cães. A cidade era pacata. Hoje tudo é diferente. E para pior, é claro. Podemos enumerar uma série de vantagens, mas na certeza de que o sol hoje não brilhará como antes. As fumaças que saem das queimadas, chaminés, veículos, sobem aos céus e tapam-lhe os seus olhos flamejantes. O céu, que outrora se apresentava estupidamente azul, claro e limpo, hoje se encontra coberto de poeira e gases carbônicos, produzindo o efeito estufa que o deixa ruborizado. As nuvens, nem se fala, quando caem, trazem borrascas inesperadas e incontidas.

Ainda me lembro dos dias em que passeava nos parques, provando deliciosas maçãs do amor, pipocas e o famoso refrigerante Grapette, à sombra das árvores que o tempo permitiu crescerem e hoje, pela insensatez humana, muitas foram derrubadas e em seu lugar, construíram famigerados parques de diversão, prédios e condomínios de luxo. Que bem fazia aquela sombra fresca durante o solstício de verão que parecia querer esconder detrás dela os meus sonhos de menino.

Fora daquele parque dos sonhos vivia o autoritarismo e a ditadura. Talvez fosse verdade e até ocorria poucos casos de homicídios e crimes hediondos, mas já passaram alguns anos e hoje o que mais há são casos desses. Vivemos num país onde o crime acontece todos os dias e em toda a parte. Assaltam-se bancos explodindo caixas eletrônicos, assaltam postos de gasolina, e roubam dos seguranças mal treinados suas armas, estupram crianças e ainda constatamos a existência de rixas entre gangs e de crime organizado; filhos matam pais e vice versa; mulheres são espancadas pelos maridos e pessoas são assassinadas sem pena ou dó e o criminoso, insensível, parece sentir prazer de ouvir o gemido do desafeto; assaltam-se carros de valores e ninguém é culpado de nada. O que se nos dá a conhecer é o outro lado da questão. Empolga-se o caso deste ou aquele criminoso estar doente, ter sido atingido por uma bala ou saber a razão pela qual aconteceu ter-se atingido mortalmente um rapaz que estava associado a um assalto. Só falta começarmos a defender os criminosos e a condenar os que sofrem na pele às arbitrariedades dos assassinos e assaltantes.

Ninguém se sente seguro em lado algum. Já não falo de políticos e afins, pois esses andam sempre com guarda-costas. Tem grana para pagar e o pior, é que sai de nosso bolso. Por outro lado, é justo pararmos no sinaleiro e ter receio de um assalto e ainda dar dinheiro ao elemento para alimentar o seu vício. Temos consciência de que muitos caixas de banco são explodidos no Brasil e com a maior das facilidades. Eles nem se preocupam. O banco está com apólice de seguro e o pior, que quem paga o prejuízo somos nós. Podem notar que tudo o que é mau, acontece ao Brasil, e rapidamente. O pior é que ninguém faz nada. O combate deveria ser eficaz, rápido, duro e desmotivador para quem estivesse a pensar fazer alguma malandragem. A segurança é urgente e necessária. Não podemos andar numa insegurança total pelas ruas das cidades, esperando ser atacado por alguém que sabe nada vai lhe acontecer, mesmo que seja apanhado. Pagam uma mísera fiança e fica solto. A impunidade não pode ser prêmio de criminosos, não importa qual seja o crime.

Afinal onde está a segurança? Que País é este que de um dia para o outro se transformou de tal forma que mais parece uma penitenciária, onde existe um amontoado de gente e tudo acontece. Mata-se, estupra-se, droga-se, ninguém se importa ou interfere. E o Poder Público onde está?  É com muita pena que tenho de admitir que detrás da sombra de nossos sonhos, parece existir um amontoado de sentimentos frustrantes, depressões, desamor, confrontando-se com sentimentos de amor, amizade, paz, todos eles comuns à humanidade como um todo, e o fio êmulo, resistente, que talvez ainda os unam no espaço sem luz ocupado por um corpo opaco, todos deveriam se agarrar e ao serem amparados pelo bastão da benevolência, procurar encenar no palco da vida um novo modelo para sociedade para que ela se torne mais justa, humana e fraterna... Aliás, se isso não acontecer, nem o sol e a lua voltarão a brilhar como antes e as árvores milenares morreriam mesmo com as chuvas de verão.

Até a sombra o abandonou

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Hoje, faz meses que ela o abandonou. Tempos idos quando caminhava juntos ele sentia uma vontade danada de conversar com pessoas que passavam pelas calçadas e ruas da cidade. E a sua sombra era alegre, assim como ele, que se encontrava de bem com a vida. Era filho de gente abastada e fazia da sombra o que bem queria. Brincava com ela usando as mãos, sinalizando gestos grotescos diante de lâmpadas que se refletiam no branco muro da mansão. Aos transeuntes, ele sem ao menos fazer autocrítica, perguntava se estavam entusiasmadas com a vida, às outras, menos afortunadas, indagava se estavam felizes com seu emprego, se viviam bem com a família, com os filhos e se invejavam dos sucessos dos amigos. Mas, brincadeiras à parte, certo dia alguém que se dizia amigo lhe enveredou pelo mundo das drogas e por mera brincadeira, cheirou o maldito pó. Uma brincadeira que lhe custou caro e o tornou viciado, perdeu tudo que tinha, até sua própria sombra. Meses se passaram e não conseguia se livrar da droga indo parar na sarjeta; começou a perambular pelas ruas sem rumo, sem destino certo. Sua mente embaralhava, a cada baforada aumentava as alucinações, enxergava coisas estranhas que jamais imaginara ver. De tanto matutar cansou e sem a sombra, sua única companheira, sentiu-se desnorteado, perdido no mundo do seu próprio ser. Ela que o acompanhou, lhe ajudou a minimizar as alegrias e tristezas e repetia prazerosamente nas suas andanças gestos precisos e imprecisos, agora jaz na escuridão. Ela sabia tudo sobre ele, e em certos momentos, parecia querer lhe alertar sobre o seu modo de vida e o fio de esperança que ainda lhe restava: Deus. E foi nesse fio, mesmo dominado pela droga, que tentou se agarrar para viver seus últimos dias, mas, incrédulo, não conseguiu conversar com ELE. Achava que era tarde demais! Lembrou-se dos tempos idos, do amor de sua mãe, do saudoso pai que lhe deixou como herança o tino para o trabalho; lembrou-se da prosperidade, onde acreditava na sua capacidade de trabalho, de vencer o invencível, de construir o sucesso, de transformar a realidade e viver a bonança. Tempo em que conseguia deixar de lado todo o negativismo, o ceticismo, abandonar a descrença e entusiasmar com tudo que acontecia, mesmo quando não havia luz para refletir a sua rica sombra, e principalmente, entusiasmar com alguém importante que hoje passa pela calçada e vê que não é sombra, é real, mas, certo de que uma o acompanha e se refletirá diante de quaisquer luminosidades, ou em dias de sol ou em noites enluaradas. Mas, para ele era realmente tarde demais. Não tinha religiosidade, não conseguia libertar-se das drogas e os prostíbulos era seu ninho, e aí, começou a viver no mundo profano e se arrastar pelas calçadas como a um lixo humano.

Nos últimos dias, ora sob o sol causticante, ora sob chuva torrencial, algumas pessoas passavam, desdenhavam dele, desviavam o olhar, lhe ignoravam, e outras, nem o viam ou se faziam de cegos; as mais imbecis diziam: "não cheguem perto, pois este homem é usuário de droga e parece que nem sombra tem”. Diante daquelas palavras, olhou para a calçada e confirmou que ela não estava lá. Talvez se envergonhasse dele, pois era uma sombra que acostumara com sua elegância nos tempos de prosperidade. Era imponente e os seus gestos logicamente refletiam a sua soberba, a sua presunção, a sua arrogância e o seu modo metido de ser. 

Deitado debaixo da marquise, quase inconsciente, alguma força estranha ainda o fez arregalar os olhos. A doçura de uma voz de mulher, vestida de avental branco. Começou a tocar-lhe e disse: "Senhor, coma este alimento, você está tão frágil”. “É bom alimentar, pelos menos te ajudará a minimizar as dores”. Nem soube como, mas lágrimas saíram rolando pelo seu rosto, e mesmo quase desfalecido, concordou. Tomou aquela sopa e dada a sua fraqueza, engoliu vagarosamente e nem sentiu a picada da injeção que ela lhe aplicara. Ainda lúcido, foi levado a um albergue e, colocado sobre a cama, ele nem mais se importava se havia sol ou lua para trazer sua sombra de volta e nem pensava em saber o porquê teve que nascer se o mundo não lhe queria... Sabia que não mais veria a sua sombra e que naquele dia fatídico ou no dia seguinte poderia ser o seu fim... (Átila, dois dias depois, deixou este mundo por uso excessivo de cocaína e crack).  Com a própria saúde na UTI, urge à família, à sociedade organizada e ao Poder Público implantar uma política eficaz de atendimento ao dependente químico e apoio aos seus familiares, assim como o combate ao tráfico de drogas e a prevenção ao uso dessas substâncias.

Juarez, o Doutor Caipira e os Foliões de Malhador.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013


A Folia de Reis é uma festa religiosa, Segundo o livro de Mateus (2, 1-12), os magos eram sábios que vieram do Oriente, guiados por uma estrela, para adorar o Deus Menino em Belém. Especula-se que eles não eram reis, cada um com características próprias e também não se sabe o número exato. Existe lenda dentro da própria lenda, coisas entre os três Reis Magos, mas que nunca interessaram aos festeiros. Esta festa se tornou uma grande celebração para a igreja. Em toda Europa, é feriado no Dia de Reis, e em muitos lugares, os presentes são distribuídos apenas no dia 6 de janeiro. 

No ano passado fui convidado para assistir o Encontro da Folia de Reis de Malhador no Condomínio de Chácaras de Alta Vista, Senador Canedo, que acontece no dia 06 de janeiro pelo terceiro ano consecutivo. Por incrível que pareça, confesso, foi à primeira vez que vi de perto aquele belo trabalho de louvação ao Divino Espírito Santo através da cantoria e sons específicos. Uma das características da festa é a diversidade, cada cultura, cada cidade tem costumes e tradições diferentes, de acordo com as peculiaridades da região, e Malhador não é diferente. Em cada rosto via a satisfação e a necessidade de compartilhar a amizade que ali nascia e o desejo de saírem juntos em peregrinação, seguindo a estrela guia criada pela imaginação de cada um até o encontro do Menino Jesus. Logo à frente, um palhaço, cuja função simbolicamente, é proteger o Menino Jesus, e com suas peraltices confundir os soldados de Herodes. Diz à lenda que aos palhaços cabia o papel de pedir aos donos das casas visitadas, os donativos para a festa. O anfitrião pode, em contrapartida, exigir que algum serviço seja feito em troca dos donativos. Todavia, no caso da Folia de Reis de Malhador, pequeno vilarejo perto da cidade turística de Pirenópolis, o anfitrião e responsável pela festa, é o médico ginecologista Juarez Antônio de Souza – o doutor caipira, que assumiu todos os ônus da festa, tanto em razão da herança deixada pelos seus pais José Antônio Sousa e Maria Serafim de Sousa, como pelo seu amor à arte e ao folclore. São companheiros os foliões, os sanfoneiros: Meire Minadaks, Izá e Ediberto; os violeiros Valdivino, José Rafael, Sebastião e Antônio; no pandeiro o Cílio; no cavaquinho, o Orlando; no reco-reco, o Romes; no tambor ou caixa, a Ana Machado; de cujo grupo hoje eu tenho a satisfação de fazer parte, assim como, outros ases da cultura e do folclore de Goiás. Também foram convidados para aquela linda festa a escritora Elizabeth Abreu, o prof. Alvaro Catelan e Sônia Ferreira, os escritores e folcloristas Bariani Hortêncio e Prof. Jadir, e outros importantes membros da cultura, música, arte e folclore de Goiás.

Encantado, vi seguir em forma de procissão pessoas devidamente uniformizadas, à frente, a alferes Tamires, conduzindo a bandeira que representa a autoridade espiritual dos foliões, e estes, pelo que se conhece, não podem ser ultrapassados por ninguém. Atrás, sob a batuta musical do Mestre Juarez, cantando canções compostas pelo próprio grupo, seguiam as pessoas da comunidade e convidados. O candidato a integrar um grupo de Folia de Reis, tem obrigações e deveres que iniciam com a submissão às ordens do Mestre, e alguns grupos chegam a ter um código de ética escrito e aceito pelos membros. 

O percurso é feito sempre iniciando pelo lado direito de tal modo que, de casa em casa a companhia de Santos Reis aproximam-se do local da recepção final, quando o Alferes e equipe despojam-se de seus materiais e os guardam na casa. Quando eles vão embora, se despendem, repetindo os gestos da chegada (Despedida).  Em algum momento da festa, é feita a Passagem da folia para o novo alferes. Foram anfitriões, além do Dr. Juarez e esposa, os casais Beto e Priscila, Alvaro Catelan e Cláudia.

Quando falo da folia iniciar o seu percurso pelo lado direito é uma superstição ligada à festa que vem desde os tempos idos. Antigamente, as pessoas não entendiam a maior parte dos fenômenos naturais, e então, costumavam atribuir suas causas a determinados fatos, e esse costume foi transferido através de gerações sem nenhuma fundamentação científica, e hoje em dia, as pessoas sabem disso, mas por via das dúvidas... As crendices listadas a seguir referem-se à festa dos Santos Reis. Por exemplo: A bandeira não deve fazer um formato de cruz por onde ela já passou: Se isso acontecer, alguém da folia morre. Se for preciso atravessar uma cerca de arame, os instrumentos não devem passar por baixo da cerca, para que não percam o som. No Dia de Reis, algumas famílias costumam escrever o nome dos três reis magos em um pedaço de papel branco e colocá-lo na porta de entrada da casa, para que haja durante todo ano, fartura, saúde e felicidade. Há também uma simpatia, feita com romã, no dia 06 de janeiro em que a família se reúne para rezar um Pai Nosso e uma Ave Maria, depois, cada um pega três caroços de romã, põe na boca para sorver o sumo da fruta, um a um, e depois embrulha em um pedaço de papel para guardar na carteira durante o ano inteiro, para não faltar dinheiro. A cada semente embrulhada deve-se repetir “São Belchior, São Gaspar e São Baltazar. Não deixe o dinheiro faltar”. A cada ano, as sementes antigas devem ser jogadas em água corrente. A folia não pode voltar pelo mesmo lugar de onde veio Os andarilhos não passam por baixo de varal de roupa.

 
Vanderlan Domingos © 2012 | Designed by Bubble Shooter, in collaboration with Reseller Hosting , Forum Jual Beli and Business Solutions