Padre Luiz entre o amor, a inveja e a caneta.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Liguei o carro, sintonizei uma rádio que tocava música gospel e segui rumo a Paróquia Sagrada Família com o pensamento absorto que ia e voltava como se fosse um tsunami esmagando de minha memória cada    momento vivido,  enquanto o meu corpo dormente enfrentava uma manhã quente em razão das noites intermináveis.  Imbuído de um desiderato  efêmero quanto a um sopro de vento, busquei inspiração aos céus e ao evangelho para escrever este artigo pois sei que se trata de assunto sério e importante para a nossa comunidade cristã. Com o corpo cansado e memória estimulada que me cobra precisão, nem vi o tempo levar o domingo   ensolarado que passou tão veloz quanto o trem da saudade e que se rompeu nos trilhos do destino sem deixar vestígios e muito menos para mim que embalado pelo descontentamento inerente a transferência do Padre Luiz Augusto da Paróquia Sagrada Família, também rompi-me.

Desci o vidro, encostei o meu braço sobre o vão quadriculado, estacionei o veículo à sombra de uma árvore milenar para esperar o início da missa. Cochilei. Em segundos, senti meus olhos se direcionarem ao céu encoberto por pequenas nuvens negras, e no meio delas, o sol ainda conseguia enviar à terra pequenos retalhos de luz. De repente senti-me flutuando no espaço e o meu corpo   subir rumo a uma estrela cintilante, e tenaz quanto a um menino com vontade de voar, encontrei lá em cima fragmentos de relatos esquecidos pelo tempo onde se podiam ouvir tudo e até vozes solitárias que chegavam  até a mim expondo a decepção de todos os paroquianos em face de uma suposta transferência do Padre Luiz. Lá embaixo visualizava um povo agitado correndo pelas ruas de Vila Canaã pedindo repetidas vezes: Por favor! Assine este abaixo-assinado, eles querem nos    tirar o Padre Luiz!

Breve como a um pássaro que foge de seu ninho em busca uma nova morada do outro lado do rio, meu corpo continuou flutuando pelo espaço afora, passando pelos desfiladeiros da vida e eu ia enxergando lá embaixo as grandes obras sociais construídas pelo Padre Luiz Augusto:  a Casa Bom Samaritano, a Casa Pobre de Deus, a Casa Mãe de Deus, a Casa de Nossos Pais, creches, consultórios, abrigos para idosos, alcoólatras e usuários de drogas, além das obras evange-lizadoras, todas construídas e coordenadas por ele.

Olhando as belezas descomunais da terra, do  universo e as  pessoas promovendo abaixo-assinado e petições públicas enviadas via ON LINE en-tendi que todos vêem a sua importância espiritual e de não admitirem a idéia de recuar um passo em face a hipocrisia reinante ante tantos esforços empreendidos por um sacerdote de valor e de seu    sacrifício para manusear o sal que temperou o pão de cada dia e lhe conservou a têmpora de genuíno missionário, de um benfeitor espiritual, dedicado, sério, amoroso e que sempre teve como alicerce de sua vocação desde que assumiu a Paróquia no dia 21 de março de 1996, o lema: “EU VIM PARA SERVIR E NÃO PARA SER SERVIDO”
Incrédulo diante de tanta insensatez, que dizem partir da Arquidiocese de Goiânia, que possui o poder da caneta, em certos momentos, mesmo sabendo que invejosos são muitos, nem acreditei, mas mesmo assim me senti perdido atrás da sombra daquele cochilo. Acordei.  Assisti à missa, assinei o documento e voltei para casa apressadamente. Entrei e de imediato me dirigi ao computador para escrever a externar a minha insatisfação, sempre entendendo que o amor e a verdade navegam em águas mansas e conseguem remontar o que os invejosos, falsos testemunhos e sacerdotes vêm tentando assumir uma paróquia construída com muito esmero, arrojo e parceria da comunidade, e agora, depois de reconstruída, confortável e bela, eles a querem. Aí eu questiono: Por que ao invés de transferi-lo a Arquidiocese não exige dos outros sacerdotes o mesmo arrojo, mais ação, força de vontade, espiritualidade e desprendimento junto às suas paróquias?

 A verdade e o amor seguem longas milhas, mas não se perdem no instante em que o povo entende que o seu sacerdote, um homem de Deus, dedicado e desejoso de viver deve ficar e continuar sua obra. Os ventos podem mudar de direção, mas os olhos espertos dos paroquianos que são milhares teimarão em mostrar às autoridades arquidiocesanas as cenas de tristeza ante as dificuldades encontradas ao longo dos anos e as alegrias com as vitórias alcançadas por este jovem e abnegado sacerdote. 

VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA é advogado, escritor, ambientalista. É membro da UBE - União Brasileira dos Escritores. E-mail: vdelon@hotmail.com

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